Formação Continuada: Um Constante Aprender
A participação dos professores é de fundamental importância na consolidação de mudanças que tragam efetivamente uma melhoria da qualidade de ensino em nosso país. Neste contexto, a prática da formação continuada não pode ser encarada pelos professores como uma “tapa buraco”, deve ser a demonstração da crença que estudar compreender e acompanhar as transformações que ocorrem na sociedade e as constantes mudanças provocadas pela evolução da tecnologia e pelas informações é tarefa que se impõe aos profissionais da educação, os quais se situam hoje ao mesmo tempo como formadores de opinião e alvos de novos paradigmas. A formação continuada dos professores segundo Marin (2002), deveria transformar a escola em espaço de troca e de reconstrução de novos conhecimentos, deve-se partir do pressuposto da educabilidade do ser humano, numa formação que se da num continuum, em que existe um ponto que formaliza a dimensão inicial, mas não existe um ponto que possa finalizar a continuidade desse processo.
A escola brasileira e suas práticas docentes devem ser repensadas de forma urgente para que possam atender a todas as transformações que estão ocorrendo na sociedade, que atingem diretamente a escola, suas concepções e suas formas de construção do saber, pois há sem duvida alguma uma mudança de paradigma que está a exigir um novo modelo de escola, e um novo perfil de professor, que possam estar preparados para atender as novas demandas, expectativas e anseio da sociedade, que estejam a serviço de uma escolarização de qualidade social que atenda efetivamente com eficiência e eficácia, a todas as crianças, jovens e adultos.
Asproblemáticas educacionais dos nossos tempos fazem parte de um panorama mais amplo de mudanças sociais, mudanças estas que sempre geram incertezas, mas são fonte de inúmeras possibilidades para aqueles que estão abertos e preparados para quando elas ocorrerem.
A participação dos professores é de fundamental importância na consolidação de mudanças que tragam efetivamente uma melhoria da qualidade de ensino em nosso país. Sem o aval destes, mudanças educacionais não se realizam. Por isso, não é qualquer pessoa que pode ser professor, pois não é qualquer professor que consegue fazer frente, através de seu trabalho, estudo e formação pessoal a todos os desafios que se apresentam no interior das escolas.
Vivemos uma transformação considerável do sujeito cognitivo, da ciência objetiva e da cultura coletiva, motivo que faz com que se busque o aprimoramento de nossa capacidade de compreender o mundo, e a sociedade na qual estamos inseridos.
O profissional da educação precisa exercer uma docência de qualidade, que desenvolva nele uma postura de profissional reflexivo, pesquisador da própria prática, munido de formação teórica competente e praticas pedagógicas eficazes que o prepare para ver o mundo na sua globalidade, uma docência que não se esgota na formação inicial, mas que seja complementada e aprimorada através de um processo de formação permanente ao longo de sua vida profissional.
Neste contexto, a prática da formação continuada não pode ser encarada pelos professores como uma "tapa buraco", deve ser a demonstração da crença que estudar compreender e acompanhar as transformações que ocorrem na sociedade e as constantes mudanças provocadas pela evolução da tecnologia e pelas informações é tarefa que se impõe aos profissionais da educação, os quais se situam hoje ao mesmo tempo como formadores de opinião e alvos de novos paradigmas.
A formação continuada também não pode ser concebida apenas como um meio de acumulação de cursos, palestras, seminários de conhecimento ou técnicas, deve ser encarada como um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas, e de construção permanente de uma identidade pessoal e profissional.
Para Marin (2002), a formação continuada de professores deveria transformar a escola em espaço de troca e de reconstrução de novos conhecimentos, deve-se partir do pressuposto da educabilidade do ser humano, numa formação que se da num continuum, em que existe um ponto que formaliza a dimensão inicial, mas não existe um ponto que possa finalizar a continuidade desse processo.
Assim, a formação continuada deve ser um espaço de interação entre as dimensões pessoais e profissionais em que, aos professores é permitido apropriarem-se dos próprios processos de formação e dar-lhes um sentido real no quadro de suas historias de vidas.
O professor de hoje não pode abster-se de estudar, deve sim sentir prazer em fazê-lo, por saber que o aprendizado constante faz parte do trabalho docente, e, estudar propicia ao professor melhores condições de realizar um trabalho de qualidade, pois o professor que não estuda com prazer certamente não ensinará com prazer.
Professora Cleide Cristina Garcia
Fonte: Webartigos.com | Textos e artigos gratuitos, conteúdo livre para reprodução. 1
Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação BásicaO Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica é resultado da ação conjunta do Ministério da Educação (MEC), de Instituições Públicas de Educação Superior (IPES) e das Secretarias de Educação dos Estados e Municípios, no âmbito do PDE - Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação – que estabeleceu no país um novo regime de colaboração da União com os estados e municípios, respeitando a de autonomia dos entes federados.A partir de 2007, com a adesão ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, os estados e municípios elaboraram seus respectivos Planos de Ações Articuladas, onde puderam refletir suas necessidades e aspirações, em termos de ações, demandas, prioridades e metodologias, visando assegurar a formação exigida na LDB para todos os professores que atuam na educação básica.Os Planejamentos Estratégicos foram aprimorados com o Decreto 6.755, de janeiro de 2009, que instituiu a Política Nacional de Formação dos Profissionais do Magistério da Educação Básica, com a finalidade de organizar, em regime de colaboração da União com os estados, Distrito Federal e municípios, a formação inicial e continuada desses profissionais.O Plano Nacional de Formação é destinado aos professores em exercício das escolas públicas estaduais e municipais sem formação adequada à LDB, oferecendo cursos superiores públicos, gratuitos e de qualidade, com a oferta cobrindo os municípios de 21 estados da Federação, por meio de 76 Instituições Públicas de Educação Superior, das quais 48 Federais e 28 Estaduais, com a colaboração de 14 universidades comunitárias.Por meio deste Plano, o docente sem formação adequada poderá se graduar nos cursos de 1ª Licenciatura, com carga horária de 2.800 horas mais 400 horas de estágio para professores sem graduação, de 2ª Licenciatura, com carga horária de 800 a 1.200 horas para professores que atuam fora da área de formação, e de Formação Pedagógica, para bacharéis sem licenciatura. Todas as licenciaturas das áreas de conhecimento da educação básica serão ministradas no Plano, com cursos gratuitos para professores em exercício das escolas públicas, nas modalidades presencial e a distância.O professor fará sua inscrição nos cursos por meio de um sistema desenvolvido pelo MEC denominado Plataforma Paulo Freire, onde também terá seu currículo cadastrado e atualizado. A partir da pré-inscrição dos professores e da oferta de formação pelas IES públicas, as secretarias estaduais e municipais de educação terão na Plataforma Freire um instrumento de planejamento estratégico capaz de adequar a oferta das IES públicas à demanda dos professores e às necessidades reais das escolas de suas redes. A partir desse planejamento estratégico, as pré-inscrições são submetidas pelas secretarias estaduais e municipais às IES públicas, que procederão à inscrição dos professores nos cursos oferecidos.(www.mec.gov.br)
http://www.youtube.com/watch?v=lDkRL8iFtaQ
Efeitos negativos da mídia sobre a saúde das crianças e adolescentes. Já é bem reconhecido que o excesso de exposição à mídia eletrônica está associado a alguns problemas de saúde entre as crianças e adolescentes quando passam a concorrer com as horas de sono, aumentando o risco de obesidade, transtornos do humor (ex: depressão), processos alérgicos e exacerbação de crises de asma. Mas isso é só uma parte do problema. Quando partimos para a questão da qualidade do material a que os jovens são expostos, a influência negativa pode ir muito além. Crianças e adolescentes costumam passar mais de seis horas por dia nos diferentes tipos de mídia, mais do que o tempo em que ficam na escola. A presença de TVs, videogames e computadores dentro dos quartos favorece sobremaneira essa megaexposição à mídia, já que por mais que os pais acreditem que deva haver limites, dentro do quarto tudo é mais difícil controlar. Todos devem ter consciência do quanto o consumo de material inapropriado na mídia pode afetar o desenvolvimento da garotada e a ciência já demonstrou esse efeito em diversos aspectos: Violência. As atitudes são aprendidas em idade muito precoce, e depois de aprendidas, é difícil modificá-las. Estima-se que a violência veiculada pela mídia colabore com 10% da violência no mundo real. Os games de conteúdo violento também estão na lista dos “colaboradores”. Sexualidade. Inúmeros estudos têm demonstrado a associação entre exposição a conteúdo sexual na mídia ao início precoce da vida sexual. Por outro lado, uma série de pesquisas revela que a distribuição de camisinhas a adolescentes não tem esse efeito de estimular o início da vida sexual.Drogas. Filmes com cenas de cigarro são considerados como um dos fatores mais associados ao início do hábito de fumar entre os jovens. O mesmo pode-se dizer sobre propagandas de álcool e cigarro.Obesidade. O tempo gasto com games, TV e internet, concorre com o tempo que o jovem poderia estar praticando uma atividade física. É fato também que se come mais quando se está na frente da TV. Além disso, há um bombardeio de publicidade de alimentos “calóricos” que contribui para que a mídia seja implicada no avanço da pandemia de obesidade.Transtornos alimentares. A mídia é considerada como a maior referência para a formação da imagem que um adolescente tem do seu próprio corpo. Estudos têm revelado que a mídia realmente tem influencia no desenvolvimento de transtornos como bulimia e anorexia. Professores, pais, médicos, todos devem ter consciência dos potencias efeitos negativos da mídia sobre o desenvolvimento dos jovens. Essa conscientização poderia passar a ser assunto obrigatório nas escolas. Os pais deveriam limitar o uso de TV / Internet a no máximo duas horas por dia (recomendação da Academia Americana de Pediatria), e sempre quando possível, assistir aos programas de TV junto aos jovens. Deveriam também evitar a presença do computador e da TV no quarto dos filhos, deveriam desligar a TV na hora das refeições, e no caso de crianças menores de dois anos de idade, evitar a TV de uma forma geral. Os médicos, especialmente os pediatras, precisam estar mais atentos a essa questão e abordar ativamente as famílias, pois têm nas mãos uma oportunidade preciosa de orientar os pais desavisados. Por outro lado, a mídia pode ser um forte aliado no desenvolvimento dos jovens, tanto em casa, na escola como na rua. A questão principal é que ela seja de boa qualidade e que não sacrifique as outras atividades, como por exemplo, a atividade física. Quando se percebe que crianças e adolescentes passam mais tempo na mídia eletrônica do que na escola ou em qualquer outro tipo de atividade de lazer, alguma atitude precisa ser tomada.
O rádio e a televisão definiram a cara do século XX. Primeiro no rádio, depois na TV, surgiram os campeões de audiência que marcaram a cultura de massa no século passado. Foram o rádio e a TV que projetaram as celebridades e revolucionaram nossos costumes, ao apresentar temas sensíveis como divórcio, aborto, sexualidade ou racismo. Rádio e TV também serviram de meio para que políticos de todos os matizes se tornassem conhecidos, transmitissem suas mensagens e exercessem o poder de modo eficaz sobre bilhões de seres humanos. Rádio e TV deram origem a uma indústria pujante, geraram fortunas e transformaram a economia por meio da publicidade e do marketing. O século passado pode ser, sem exagero, chamado de Era do Rádio e da TV. E o século XXI?
Muitos dizem que será a Era da Internet. Em vez de um meio de comunicação de massa, com um transmissor central para milhões de ouvintes ou telespectadores, a rede mundial promete ser um meio de que todos possam participar, onde todos possam publicar e gerar conteúdo. Promete ser um meio de comunicação não apenas de massa, mas construído pela massa - os internautas. O que começa a tornar essa promessa realidade são os diários virtuais conhecidos como blogs. Se o século passado foi a Era do Rádio e da Televisão, o século XXI é, portanto, a Era da Internet e - também - dos Blogs. "Os blogs são o primeiro passo para que todas as pessoas alfabetizadas tenham sua própria plataforma no mundo", disse a ÉPOCA o jornalista e blogueiro americano John Batelle, um dos colaboradores do Boing Boing, o blog mais popular do mundo. "Um espaço onde elas podem declarar quem são, o que querem e o que pensam."
Mas, afinal, o que é um blog? A definição clássica afirma que é um diário mantido por qualquer um na internet. A palavra parece ter surgido pela primeira vez em 1997, quando o internauta John Barger chamou seu diário pessoal na rede de "weblog", algo como "registro na web". Em 1999, outro navegante resolveu fazer uma brincadeira. Quebrou o termo em dois, para gerar o trocadilho "we blog", ou "nós 'blogamos'". Aí a palavra "blog" pegou. Tornou-se sinônimo de qualquer diário ou registro mantido na internet. Você vai lá, escreve um texto, publica uma foto, um filme, põe links para o que mais julgar interessante na rede e pronto. Está feito seu blog (veja como fazer isso à pág. 104). Tradicionalmente, os diários eram escritos em pequenos cadernos por quem queria manter as coisas em segredo. Pois na internet eles se transformaram em manifestações públicas e coletivas. Um faz referência ao outro. Um comenta o outro. Um se inspira no outro. E essa multidão de blogs que se entrecruzam e se relacionam ficou conhecida como blogosfera.
O tamanho da blogosfera é impressionante. O número de blogs em todos os idiomas é hoje 60 vezes maior do que era há três anos e já ultrapassou a marca de 40 milhões de páginas. De acordo com o site Technorati, que cataloga e faz buscas em blogs no mundo inteiro, são criados 75 mil blogs por dia. Isso dá uma média de um novo blog por segundo. Há um blog para cada 25 pessoas on-line. Segundo o Pew Internet & American Life Project, instituição americana que estuda o impacto da internet, 57 milhões de internautas dos Estados Unidos lêem blogs diariamente. Eles são abastecidos por cerca de 1,2 milhão de novos conteúdos por dia, ou uma média de 50 mil por hora. No Brasil, dos quase 20 milhões de internautas, estima-se que algo como 25% vasculhem blogs todo dia em busca de informação ou entretenimento.
Um recém-lançado serviço de catalogação de blogs brasileiros, o BlogBlogs (www.blogblogs.com.br), ultrapassou o número de 85 mil blogs voluntariamente cadastrados em três meses. Todos eles disputam a atenção do internauta com sites convencionais e grandes portais. Quem são os vitoriosos? Quais são os novos campeões de audiência na blogosfera brasileira? O Technorati, autoproclamado a "autoridade no que diz respeito ao mundo dos blogs", afere a relevância deles usando um conceito simples: quanto mais links apontam para um blog, mais importante ele é. Na semana passada, o Technorati monitorava 2,6 bilhões de links em tempo real. Como é notificado a cada modificação em cada um dos milhões de blogs que cataloga, ele é a fonte mais confiável e atualizada de informações sobre o que se faz na blogosfera. Para escolher os blogs mais relevantes do Brasil, ÉPOCA consultou os registros do Technorati, navegou exaustivamente pelos blogs em português, explorou links e conversou com dezenas de especialistas e blogueiros. Os blogs não foram escolhidos apenas com base na audiência, mas também no impacto e na relevância do conteúdo gerado (veja os oito principais blogueiros escolhidos na sequência da matéria).
Como usar VIDEOCLIPE na sala de aula?
Fabiana Barboza
|
.style3 { FONT-WEIGHT: bold; FONT-SIZE: 10px } .style4 { FONT-SIZE: 10px } .style5 { FONT-SIZE: 9px }
Será que os professores se deram conta do sucesso, entre os jovens, das redes de TV que apresentam videoclipes em sua programação? A confirmação dessa pergunta pode ser percebida pela ampla escolha dos jovens em assistir à programação de canais como a MTV brasileira. Então, por que não usar os videoclipes como recurso didático para estimular as aulas?
Segundo Bartolomé (1987), a linguagem audiovisual (utilizada pelos videoclipes) não é apenas composta de imagens e sons. Ela é mais ampla, e precisa existir uma interação entre os dois elementos: som e imagem. Enfim, essa linguagem contempla tanto a linguagem verbal (musical) como a linguagem visual e, por vezes, a linguagem escrita (quando há legendas, palavras, etc.). O mais importante dessas colocações é que ambas, verbal e visual, podem ser aprendidas.
Referindo-nos à música, podemos dizer que ela faz parte do ser humano durante toda a vida, desde seu nascimento (quando chora) até sua morte. As pessoas já vivem com ela, mas sem percebê-la. A música estimula a concentração e o raciocínio. Além disso, ela sempre esteve ligada às manifestações culturais das pessoas. Usamos a música para dançar, embalar, distrair, louvar, festejar, estudar e até nos momentos de morte. Enfim, ela está presente constantemente na vida dos seres humanos.
No caso da linguagem visual, podemos dizer que ela “obedece” a regras próprias. A leitura de imagem é pontual, diferentemente da linguagem escrita, que é linear. O pensamento da pessoa “seleciona” alguns pontos da imagem que considera importantes ou que chamam a atenção por serem elementos desconhecidos. Essas características se apresentam porque o nosso olhar não capta a enorme quantidade de informações que existe em uma imagem.
A linguagem audiovisual é um instrumento de formação do pensamento. O homem se caracteriza por ser histórico e social, constrói seus significados (metalinguagem) com base no meio cultural em que está inserido e nas representações sociais que faz de si mesmo, do outro, das coisas e do sistema em que vive. A metalinguagem está relacionada diretamente com a construção do pensamento e, portanto, com os processos básicos do comportamento humano, ou seja, com a percepção, a motivação, a emoção, a inteligência e a aprendizagem. Aprendizagem que o indivíduo vivencia e constrói ao longo de sua vida, através da apropriação dos significados e nas interações sociais. Assim, os videoclipes produzidos e veiculados refletem a sociedade e a cultura, apresentando-se como expressão e representação das pessoas e do mundo onde vivem.
Outro ponto a ser observado na construção do pensamento a partir da linguagem audiovisual é que, necessariamente, existe uma mensagem subliminar em cada videoclipe, que pode apenas mostrar o lado belo de algo, ocultando o feio, dependendo do “ângulo” e da interpretação dada à produção. Essa mensagem subliminar constrói o pensamento indiretamente, ou seja, as idéias que ela passa são apreendidas de forma dissimulada. Muitas vezes, dessa forma é que as ideologias se perpetuam. Tomemos, como exemplo, a relação entre a sonoridade e o visual das pessoas que participaram do movimento Tropicália (que resgatou os valores éticos e políticos), da Bossa Nova (que, através da beleza e do romantismo, fazia com que as pessoas esquecessem os problemas econômicos e sociais do País, embora as composições tenham sido de grande valor musical) ou da Jovem Guarda (que era uma forma de protesto, pois mandava “tudo pro inferno”).
Valdellós (2002) coloca dois grandes objetivos para a alfabetização audiovisual: “A evidência da imagem como idioma, como dispositivo arbitrário e deliberado de significação, e a sua utilização como forma de manipulação, pelos grupos do poder, com fins propagandísticos, publicitários, de imposição de modas, estilos e comportamentos, visando a consolidação de uma certa ordem social, institucional ou política”. Partindo desses pressupostos, propõe objetivos mais concretos:
- “Analisar a influência da imagem audiovisual em nosso ambiente e a necessidade de distinguir a imagem e a realidade.
- Descrever exaustivamente as características do idioma das imagens e dos sons e as significativas conotações da interação dos seus diferentes elementos.
- Discriminar as funções descritivas e expressivas das imagens e a relação entre essas funções.
- Compreender as fórmulas narrativas que articulam diferentes espaços (a representação, o trabalho da máquina, as variações de ponto de vista) e tempos diversos (a edição e a sincronização sonora).
- Explicar as características objetivas dos sinais e dos signos básicos da imagem e do som.
- Refletir criticamente sobre a relação entre as fórmulas visuais ou icônicas contemporâneas com sua finalidade comercial ou publicitária e a relação de tudo isso com os grupos de poder econômico, político e social de nossa sociedade globalizada”.
É importante salientar que, ao trabalhar com videoclipes, estamos lidando com elementos simbólicos e carregados de significado. Portanto, existem momentos específicos e apropriados para o seu uso. Tudo em demasia é prejudicial. Arreguin (Bartolomé, apud Arreguin, 1981), inclusive, elaborou duas tabelas comparando o rendimento das linguagens verbal e visual. Dependendo da competência a ser desenvolvida pela atividade, a primeira tabela indica a adequação e o rendimento do trabalho com cada linguagem:
Atividade / uso |
Linguagem verbal |
Linguagem visual |
Científico com função enunciadora |
Ótima |
Nula |
Expressão de emoções do emissor |
Mediana |
Mediana |
Indutor de emoções no receptor |
Ínfima |
Ótima |
A segunda tabela apresenta a variação do rendimento dos alunos diante de atividades de associação:
Modos de associação |
Linguagem verbal |
Linguagem visual |
Por representação |
Inadequado |
Adequado |
Por convenção |
Adequado |
Inadequado (com exceções) |
Ao ler a primeira tabela, podemos perceber que, para as atividades mais ligadas à construção de conceitos e de idéias, o rendimento da linguagem verbal é melhor. No caso do trabalho com o lado emocional dos alunos, a prioridade é da linguagem visual. A segunda tabela indica quais os momentos em que as linguagens devem ser empregadas. Isso nos leva a concluir que, no caso dos videoclipes, há um equilíbrio dessas duas linguagens, o que assegura melhor rendimento.
Os videoclipes podem ser importantes catalisadores da construção do conhecimento. Atualmente, com o processo de globalização, estão mais acessíveis às pessoas e vêm passando por transformações políticas, sociais, culturais e econômicas, que também se refletem na educação, assim como em todas as épocas da História, pois a música e a imagem sempre foram formas de retratar a realidade. Porém, a mídia de massa vem impondo valores que estimulam o consumo, a falta de educação, a distância da ética e a não-reflexão sobre as atitudes. Utilizar esse mesmo instrumento para reverter essa situação rende bons resultados.
Mas é preciso ter uma idéia de como analisar os videoclipes. Essa reflexão é composta de duas etapas, objetiva e subjetiva, e prioriza um trabalho inter ou transdisciplinar. Na primeira etapa, a objetiva, devemos observar: a iluminação, a montagem, o ponto de vista, o vestuário, a maquiagem e o nível de formalidade da mensagem (culta ou informal). A luz deverá ser estudada e percebida como elemento que determina diferentes conotações da mensagem através da sua manipulação. O ponto de vista e a montagem podem definir a sensação psicológica do receptor pela seleção de imagens, figuras, personagens e elementos. O vestuário e a maquiagem, em geral, caracterizaram o espaço geográfico e o tempo histórico que estão implícitos. Assim como o nível de formalidade da mensagem (culta ou informal) pode definir o público-alvo.
Só depois de aprender a realizar a análise objetiva é que devemos passar para a etapa subjetiva. Nela, o senso crítico é priorizado analisando-se as codificações e as combinações dos elementos já mencionados. Aqui, buscamos os aspectos ideológicos, o conteúdo emocional, a construção e a representação dos grupos sociais, econômicos e políticos.
A exploração dos conteúdos dos videoclipes é orientada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e pode ser feita com as seguintes atividades:
- Identificar os movimentos musicais e as obras de diferentes épocas e culturas.
- Reconhecer os videoclipes como fontes de registro e de preservação da cultura.
- Pesquisar a biografia dos músicos (vida, época e produções).
- Pesquisar as transformações de técnicas, instrumentos, equipamentos e tecnologia na história da música.
- Refletir sobre a importância da música para a sociedade e na vida dos indivíduos.
- Reconhecer os sons ambientais, naturais e outros, de diferentes épocas e lugares, e sua influência na música e na vida das pessoas.
- preciar as apresentações musicais e as produções artísticas da comunidade, das regiões e do País, considerando e respeitando a diversidade cultural, em outras épocas e na contemporaneidade.
- Perceber e identificar os elementos do videoclipe (motivos, forma, estilos, gêneros, sonoridades, dinâmica, texturas, etc.) em atividades de percepção por meio da voz do cantor, do corpo dos personagens, de materiais sonoros e visuais disponíveis, de notações ou de representações diversas.
- Identificar instrumentos e materiais sonoros associados às idéias musicais de arranjos e composições.
- Refletir sobre os videoclipes de produção regional, nacional e internacional.
- Discutir e levantar critérios sobre a possibilidade de determinadas produções sonoras serem consideradas música ou não.
- Discutir a adequação, a utilização e a finalidade da música do videoclipe: trilhas sonoras, jingles, dança, etc.
- Discutir sobre as características expressivas e a intencionalidade de compositores e intérpretes.
- Explicar as reações sensoriais e emocionais durante a apreciação do videoclipe e a associação dessas reações aos aspectos da obra apreciada.
O papel da escola, atualmente, nas situações de poluição sonora e conflito musical, tem fundamental importância para possibilitar discernimento, reflexão e crítica sobre os valores impostos pela produção musical contemporânea de massa. Até mesmo pela música ter sido criada, antes da própria linguagem oral, como diz Davis (1990): “A combinação de música e fala na expressão do canto tem um poder inigualável, transmitindo sentimentos de grande elevação, e um compartilhamento desses somente as palavras não poderiam atingir”. Nesse sentido, o trabalho dos professores é primordial, pois ele será o mediador entre as músicas de qualidade e os alunos, sem esquecer o currículo e os conteúdos.
Essa idéia vem, ainda, favorecer e validar a importância de um trabalho didático que utilize os videoclipes, sendo mais uma maneira de estimular a aprendizagem, porém não sendo a única nem a mais completa: é outra possibilidade que teremos para facilitar nosso trabalho e que busca estimular o raciocínio por meio de vários esquemas cerebrais (comparação, associação, relação, etc.).
Sabemos que existem divergências quanto à construção do pensamento e da linguagem. Segundo Piaget, o ser humano primeiro organiza o pensamento para a construção da linguagem. Para Vygotsky, a linguagem se estabelece primeiro para, depois, estruturar o pensamento. A linguagem e o pensamento, na verdade, estabelecem, entre si, uma relação helicoidal e infinita. Acreditamos que o pensar é uma atividade que pode e deve ser estimulada, desenvolvida, estruturada e, até mesmo, aprendida, como exemplo: Sócrates, que fez isso melhor do que ninguém, pois, só com o diálogo, fazia “apenas” as pessoas pensarem. Ainda bem que, hoje, temos muitas outras linguagens... É só aprendermos a usá-las!
|
Referências bibliográficas:
BARTOLOMÉ, Antonio R. Lenguaje audiovisual – mundo audiovisual. Disponível em http://lmi.ub.es/%20personal/bartolome/articuloshtml/bartolome_lav_87/. Arquivo capturado em 18 de janeiro de 2004.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 2000. v. 6 – Arte.
BRESSAN, Wilson J. Educar cantando – a função educativa da música popular. Petrópolis: Vozes, 1989.
SEDEÑO, Ana María. Inserción de formatos visuales en la escuela: videojuego y vídeo musical en el aula. In: Edutec. Revista Electrónica de Tecnología Educativa. nº 15. mai. de 2002. Disponível em http://%20www.uib.es/depart/gte/edutec-e/revelec15/sedano.htm. Arquivo capturado em 20 de maio de 2004.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. |
|
Novas Tecnologias para uma Nova Educação
Rosângela Formentini Caldas
É preciso criar pessoas que se atrevam a sair das trilhas aprendidas, com coragem de explorar novos caminhos. Pois a ciência construiu-se pela ousadia dos que sonham e o conhecimento é a aventura pelo desconhecido em busca da terra sonhada.
Rubem Alves
No século XVIII com a revolução industrial, um pequeno grupo de homens dominava o conhecimento, mas estes já pensavam nas escolas como meio de construção deste conhecimento para todos a partir da aprendizagem individualizada, devido as diferenças de absorção do ensinamento.
Voltados para este pensamento, no início deste século, o indivíduo como aluno é visto no centro do processo de ensino onde as experiências na aprendizagem são relacionadas a seus próprios interesses.
Nos dias atuais, o crescimento dos conhecimentos científicos e técnicos tem se tornado cada vez mais ágeis não pertencendo mais apenas a pequenos grupos, pois a construção e desenvolvimento dos mesmos é realizada através da troca e da interação entre os indivíduos.
Ressaltamos que inclusive o meio empresarial está preocupado com a qualificação educacional dos seus funcionários, devido a mudanças em contextos sociais e econômicos, o conhecimento tem se mostrado uma importante alavanca econômica e de rápida expansão, assim, para sobrevivência no mercado, as empresas necessitam acompanhar as mudanças, investindo nos recursos humanos do desenvolvimento e capacitação de seu pessoal, utilizando-se para tal da educação através dos novos mecanismos tecnológicos.
Diante da entrada dos novas meios de tecnologia em nosso cotidiano, a educação não poderia caminhar longe deste contexto, pois se aproveitando destes mecanismos, ela abrange cada vez mais pessoas, em diferentes locais e com perspectivas variadas daquilo que receberão, influenciando muitas vezes, na facilidade e prazer do indivíduo em aprender.
O conceito de ensino vem através do auxílio das tecnologias, passar por uma transformação constante complementando e aperfeiçoando a presença aluno x professor na sala de aula.
Com a chegada em nosso meio das redes de computadores e da mídia, os estudantes participam e entram em contato com os melhores pesquisadores das diversas áreas do conhecimento a que se tiver interesse específico. Desta maneira, o professor não mais será apenas um propagador do conhecimento, como ocorria anteriormente, mas um incentivador da aprendizagem, gerenciando-a e propiciando uma troca no campo do saber.
O processo educacional e de aprendizagem é de extremo movimento, assim, o educador como outros profissionais de outras áreas, deve conhecer e saber (ter instrumentos) para colocar em prática aquilo que está apenas no teórico, podendo ocorrer um avanço da área educacional. A educação tem que interagir com o meio e o meio propõe novas tecnologias no ensino.
A sociedade tem utilizado as novas tecnologias em larga escala, em todos os níveis, causando mudanças profundas na comunidade. Estas mudanças têm, por um lado, proporcionado facilidades e progressos, principalmente no que tange às novas tecnologias de informação.
Com a utilização das novas tecnologias, tornou-se possível a troca de informações através da participação em listas de discussão, do correio eletrônico ou em chat, que permite a conversa pelo computador.
Podemos observar o desenvolvimento de programas no ensino à distância, on-line, onde através dos computadores, ocorre uma comunicação do professor com o aluno, as classes virtuais formam cada vez mais alunos no ensino não presencial.
A informação tem dominado o mundo e seus processos tornam-se cada vez mais ágeis. Alguns processos que a escola utiliza, muitas vezes tornam-se ultrapassados.
Dessa maneira, ao invés do ensino da memorização da informação, os estudantes devem ser ensinados a busca e ao uso devido da informação.
A capacidade de produzir sons, imagens, textos e animações pelo computador, também contribuem na qualidade do ensino, redefinindo o papel da educação.
As facilidades de acesso às redes e os avanços nas telecomunicações mudam os conceitos de presença e distância, no ensino, desenvolvendo raciocínios, criatividade e aguçando a inteligência e coordenação.
As imagens animadas exercem um fascínio semelhante às do cinema, vídeo e televisão. Os lugares menos atraentes visualmente costumam ser deixados em segundo plano, o que acarreta, às vezes, perda de informações de grande valor. (Moran, 1998).
Aprender é reorganizar as estruturas do conhecimento, interagindo os estilos de pensamento e o saber realizar, que ocorre em um processo de diálogo das pessoas para com os outros, consigo mesmas e com o universo em que se encontram inseridas, fazendo parte de um contexto.
A Internet possui dimensões gigantescas e com grandes potencialidades e variedades, ocorrendo muitas vezes uma falta de estrutura, de orientação e de instrução para seus usuários, assim, seu uso e desenvolvimento na educação promove a interação do professor, computador e aluno, sendo possível verificar e organizar melhor este sistema, esclarecendo dúvidas e direcionando o aluno a pensar e a aprender a aprender.
Não podemos continuar produzindo uma educação onde as pessoas sejam incapazes de pensar e de construir seu conhecimento. Na nova escola , o conhecimento é produto de uma constante construção, das interações e de enriquecimentos mútuos de alunos e professores. (MORAES, 1997)
As Primeiras Aproximações sobre uma Pedagogia dos Multimeios
Autores:
Prof. Antônio Francisco Magnoni do Núcleo de Pesquisa e Produção em Multimeios para a Educação - UNESP/BAURU - Departamento de Comunicação Social – FAAC - UNESP/BAURU; Doutorando em Ensino na Educação Brasileira – FFC – UNESP/MARÍLIA.
Ms. Vânia Cristina Pires Nogueira Valente do Núcleo de Pesquisa e Produção em Multimeios para a Educação - UNESP/BAURU - Pólo Computacional - UNESP/BAURU; Doutoranda em Engenharia – Escola Politécnica – USP/SÃO PAULO ( vania@bauru.unesp.br)
Resumo:
A defasagem de conhecimentos fragiliza nosso sistema de ensino público e enfraquece o Brasil diante da modernização voraz que tange a cadeia produtiva internacional. Com o propósito de fortalecer e modernizar a educação no meio universitário, pesquisamos a aplicação pedagógica de recursos de multimídia e redes de informações. O desconhecimento de uso destes meios não pode mais ser argumento para bloquear a expansão do ensino presencial e a distância em nosso país.
O uso em sala de aula, dos meios informacionais demandará um volume crescente e cada vez mais diversificado de materiais educativos audiovisuais, que não são produzidos pelo mercado comercial. O domínio operacional da tecnologia disponível é a primeira etapa em que muitos educadores terão que ser iniciados, para poderem assimilar uma Pedagogia dos Multimeios.
É preciso dominar os meios digitais, antes que eles tornem nosso conhecimento educacional e nossa prática profissional totalmente obsoleta.
Palavras-chaves: multimeios, educação, multimídia
Como integrantes do Núcleo de Pesquisa e Produção em Multimeios para a Educação e profissionais de comunicação e informática, procuramos investigar caminhos adequados para se articular as tecnologias e o conhecimento informacional com o propósito de fortalecer e modernizar a educação no meio universitário, neste momento histórico tão adverso e desafiador em que vivemos. Tal questão teórico-prática parece-nos oportuna porque estamos atravessando um período que está sendo designado de: a era global da informação e da comunicação, sociedade informática pós-industrial, terceira revolução, etc. Estamos presenciando o surgimento de uma civilização gerida pela tecnologia binária, onde as máquinas digitais permeiam todas as instâncias sociais.
A informática, com suas "ferramentas intelectuais", tem despertado no imaginário coletivo o fascínio pelas possibilidades que oferece para auxiliar o fazer humano nos ambientes de produção e educação. Há os que defendem religiosamente a informática, como um meio poderoso que poderá conduzir a humanidade ao novo Éden digital sem intuir, no entanto, que muito ainda há de se pesquisar e desenvolver para compor novas fórmulas de trabalho com o auxílio das chamadas novas tecnologias.
O debate sobre o universo digital e suas conseqüências sociais está apenas no início e a Universidade Pública brasileira terá que participar ativamente dele. O Brasil, um país de imenso potencial de desenvolvimento e ao mesmo tempo travado por dificuldades crônicas de ordem política, econômica e social, não pode ficar a margem do embate acerca da globalização e das tecnologias emergentes.
Tratando-se de informática na educação, o assunto assume um valor estratégico imediato, pois em plena era da telemática, a maioria dos professores de todos os níveis educacionais têm nos livros-textos, nas apostilas e na exposição oral, os principais instrumentos pedagógicos e didáticos em sala de aula. A necessidade de remodelar cursos e métodos de ensino existe em função de facilitar a árdua missão de educar além de motivar. Muitos relutam para utilizar qualquer outro recurso que não derive da cultura escrita. Recursos audiovisuais, computadores e Internet, queira ou não, já são realidade em inúmeras instituições acadêmicas. Estas vias didáticas são percorridas em conjunto, os docentes não devem ser os detentores do conhecimento mas sim um guia para se chegar a ele. Porém, o que tem-se observado, em muitas instâncias educacionais, é o despreparo e o desconhecimento dos docentes em relação as novas possibilidades de ensino tecnológico, apesar de existir um grande interesse no assunto.
A defasagem de conhecimentos fragiliza nosso sistema de ensino público e enfraquece o Brasil diante da modernização voraz que tange a cadeia produtiva internacional. É a nova globalização capitalista, que intensifica as exigências de especialização para todas as categorias de trabalhadores e supera cada vez mais rápida, a formação escolar e profissional.
A UNESP é uma instituição propícia para o desenvolvimento de projetos que utilizem as Novas Tecnologias Digitais, em função da imensa diversidade de áreas de conhecimento, com tantas unidades espalhadas por todo o Estado e que estejam interligadas por uma rede interna de computadores. Isto a torna um campo ideal para as pesquisas em Comunicação e Educação e para o desenvolvimento de programas de educação audiovisual, presenciais e a distância. A criação de um espaço de pesquisa e produção multidisciplinar, pode captar recursos em órgãos de fomento e garantir uma política permanente de investimento em infraestrutura técnica e em formação profissional para a produção audiovisual nas Faculdades, Institutos e Departamentos de Ensino e Pesquisa da UNESP.
A existência de aportes financeiros para investimento em recursos tecnológicos e profissionais especializados, é o ponto de partida para uma práxis educacional que utilize as tecnologias e suas linguagens como instrumentos para um novo fazer pedagógico, que permita o florescimento de uma postura de aplicação de multimeios adequada à realidade multidisciplinar e multicampus, de nossa Universidade. O desafio para a realização dessa tarefa, mais que as limitações materiais e políticas, esbarra nas dificuldades de articulação teórica e metodológica da Comunicação com a Educação e na escassez de educadores e comunicadores com vivência e formação interdisciplinar nestas duas áreas socialmente tão próximas, mas distantes historicamente, tanto no ambiente escolar, quanto no cotidiano dos sistemas de informação.
O uso em sala de aula, dos meios informacionais demandará um volume crescente e cada vez mais diversificado de materiais educativos audiovisuais, que não são produzidos pelo mercado comercial. O domínio operacional da tecnologia disponível é a primeira etapa em que muitos educadores terão que ser iniciados, para poderem assimilar uma Pedagogia dos Multimeios. A chave de acesso para o ensino telemático, passa necessariamente, pelo domínio do processo de conversão dos conteúdos escritos da cultura clássica e contemporânea, em mensagens e programas audiovisuais. O cuidado de escolher uma linguagem audiovisual apropriada para adaptar um conteúdo, escrito ou exposto oralmente, sempre evita o risco de se transformar uma exposição presencial desanimada em uma mensagem eletrônica, ainda mais aborrecida. Podemos citar, por exemplo, o uso sem critérios de recursos audiovisuais, de forma a cansar poluir e prejudicar a transmissão do conteúdo previamente elaborado.
Para que isto não ocorra, na UNESP propomos uma ação interdisciplinar e interdepartamental que aglutine professores e pesquisadores dos Departamentos e Faculdades interessados em debater e pesquisar os vínculos teóricos, metodológicos e as possibilidades técnicas entre a Comunicação e a Educação. A intenção é atrair também, ao longo do tempo, especialistas e profissionais de informática e do mercado audiovisual com interesse em aprendizado, em pesquisa, experimentos, planejamento e ensino das teorias e das técnicas de roteirização, de criação e direção de formatos e linguagens audiovisuais com fins educativos e culturais que:
a) compartilhem da preocupação em iniciar professores da rede de ensino básico, médio e superior, nas práticas e metodologias da Comunicação e da Educação para a difusão cultural-educativa, presencial, remota e a distância;
b) ajudem a criar um ambiente de especialização de comunicadores e de educadores interessados na produção educativa e cultural, pelo intermédio do ensino e a pesquisa sobre programas educativos, jornalísticos, documentais e artísticos e dramatúrgicos, de rádio, televisão, vídeo, cinema e computação, etc.;
c) organizem para fins didáticos e de pesquisa, um acervo bibliográfico especializado e um setor audiovisual, que junte, difunda e preserve o acervo e a memória da produção de rádio, televisão e informática brasileira e estrangeira disponível;
d) busquem alternativas conjuntas de financiamento para a instalação de um Núcleo de Pesquisa e Produção em Multimeios para a Educação na UNESP, como a infra-estrutura técnico-operacional necessária para a equipe multidisciplinar envolvida nesta iniciativa desenvolver projetos, pesquisas, estudos e experiências inerentes a produção e ao uso de multimeios na área da Comunicação, da Educação e da Cultura.
A inserção dos meios eletrônicos de comunicação de massa na sociedade é avassaladora e irreversível. Atualmente não há argumentos lógicos para se contestar o poder de difusão do rádio, da televisão, e das redes de tecnologia digital que atingem instantaneamente e simultaneamente, milhões de pessoas em diferentes pontos do planeta. Essa programação audiovisual, diversa na quantidade, se restringe a conteúdos voltados para o entretenimento; para o estímulo ao consumo material e simbólico; em veicular informações comprometidas em grande parte, com o estamento dominante. Predominam as mensagens fragmentadas, que não patrocinam a formação de uma opinião pública voltada para a construção da cidadania, e que pouco contribuem para o fortalecimento dos direitos e para a superação das desigualdades sociais.
Mas é estratégico considerar o potencial inequívoco, se houver iniciativas com este objetivo, que estes meios eletrônicos possuem para a educação e a cultura. Neste sentido, a proposta de consolidação de uma equipe multidisciplinar que pesquise a Comunicação e a Educação se justifica num contexto mais amplo, pela crescente demanda social de produção audiovisual gerada pela recente economia da informação que expõe a exaustão dos sistemas tradicionais de ensino, ao exigir a atualização permanente dos trabalhadores empregados e uma qualificação sempre maior.
O ensino audiovisual a distância, que é apontado desde os anos 60, pelos especialistas internacionais em educação e desenvolvimento como um fator de incremento ao ensino público em todos os níveis, ganha alento ao ser regulamentado pela nova LDB. Diante da necessidade imediata de se melhorar, com investimentos modestos, os sistemas escolares nacionais, será possível viabilizar o ensino audiovisual presencial, e a distância, se além das descontínuas políticas oficiais, houver disposição dos professores e dos dirigentes do ensino, em implementá-la no sistema educacional público.
"O avanço dos meios de comunicação e informação não têm encontrado eco na escola, cujos instrumentos de ensino continuam sendo fundamentalmente a lousa, o giz e a linguagem oral e escrita. A atividade educativa pode ser encarada como uma atividade comunicativa, o que exige que a Escola como um todo e a Universidade em particular integrem os meios de comunicação no seu dia-a-dia. A articulação desejada entre Comunicação e Educação exige, por parte dos docentes, conhecimento e familiaridade com a linguagem dos meios, sem que se desviem do caráter pedagógico da prática docente. São necessárias pesquisas para se avaliar a possível contribuição dos multimeios para uma prática educativa significativa (...) e a criação de um espaço comum que permita a integração efetiva do conhecimento em Educação e do conhecimento em Comunicação, maximizando recursos e compartilhando os conhecimentos específicos de cada área." (VALE et alii, 1995:5)
Em uma universidade pública e descentralizada como a UNESP, um espaço especializado de produção de conhecimento audiovisual torna-se estratégico para atender on-line, as demandas socio-econômicas de regionalização da produção científica e tecnológica, cultural e de prestação de serviços, em nosso Estado e em todo o País. A junção de áreas acadêmicas, profissionais e de pesquisadores poderá propiciar à UNESP, um espaço multidisciplinar adequado para a reflexão educacional e cultural; política e econômica; sobre a sociedade da informação que se consolida rapidamente. Do mesmo modo, viabilizaria o uso dos multimeios aplicados à educação em todos os níveis. Permitiria articular o conhecimento acumulado com a produção experimental, científica e acadêmica para desenvolver projetos, investigar e elaborar novos formatos e linguagens de comunicação que vincule criticamente a educação superior e média e fundamental aos processos produtivos.
O conceito genérico de multimeios, que se criou com a possibilidade de interligação linear de vários equipamentos para a produção e transmissão audiovisual, está perdendo o sentido com o predomínio atual das tecnologias digitais telemáticas. A convergência ou junção não linear das mídias já é uma realidade na Internet, um canal onde trafegam ao mesmo tempo, áudio, texto, vídeo, fotos, ícones (emotícones), animações, etc. Na prática, as mensagens da Rede englobam funções, programas e linguagens de microcomputador, rádio, disco, CD-ROM, jornal e revista, televisão e videogames, etc., o que exige um conhecimento interdisciplinar consistente dos profissionais que desejam utilizá-la como veículo de acesso ao público desejado.
A Internet tornou-se ao mesmo tempo, transmissor e receptor audiovisual planetário, de todas as mídias verbais-sonoras, não verbais e imagéticas, disponíveis neste século XX. Ser emissor, e ao mesmo tempo receptor de mensagens, era uma possibilidade reservada até bem pouco tempo, aos radioamadores, que trocavam informações restritas a comunicação oral e característica desta atividade tecnicamente especializada e quase lúdica. A web possibilitou a comunicação audiovisual interativa e planetária, para todas as pessoas com acesso aos computadores "plugados" na Rede. Na prática, disponibilizou ao público, o acesso a um multimídia que agrega todas as mídias. Para completar a revolução informativa, deu a cada navegante, um "controle remoto virtual" com um número quase infinito de canais, para que eles possam "zapear" continuamente, sem endereço certo, em busca de novidades, de contatos virtuais, de entretenimento. Se não houver sítios com mensagens absolutamente sedutoras, a recepção na Rede será mais fragmentada que a audiência de rádio e televisão, para o pavor dos comunicadores e dos educadores.
Mesmo que haja uma fragmentação maior que a da televisão e do rádio, a comunicação na Internet é compensada pela mensagem interativa, que pode ser acessada em tempo real ou não. A evolução das tecnologias conspira contra os monopólios mediáticos e possibilita o surgimento de múltiplos canais de comunicação genuinamente populares e de baixo custo em relação aos tradicionais, contrariando a lógica comercial dos meios de comunicação unilaterais e monopolizados. Por enquanto, a dependência da tecnologia de informática importada, ainda cara para a maioria da população e condicionada aos interesses estratégicos dos fabricantes, é o único fator que pode limitar o acesso das populações dos países periféricos ao novo canal de comunicação internacional. No Brasil, enquanto a tevê por assinatura, se estagnou em menos de 3 milhões de domicílios, o número de "internautas" já ultrapassou esta quantia em menos de 5 anos. Estamos vivenciando uma rápida mundialização on-line alimentada por indivíduos, que entram em progressão geométrica no tráfego digital e "viajam" compartilhando informações, por todos os lugares em que houver computadores ligados em rede.
O primeiro browser, programa para acesso de informações via Internet, foi desenvolvido em 1.990 por Tim Bernes–Lee no Laboratório Europeu para a Física de Partículas (CERN), na Suíça. Em apenas nove anos de desenvolvimento contínuo, o programa navegador percorreu uma trajetória singular de auto-superação, evoluindo das precárias linhas de texto aos mais elaborados elementos de multimídia com imagens, sons e animações. Na web não há a hierarquia e a rigidez funcional presente nos meios tradicionais de veiculação de informação, o que faz dela um meio aberto onde a escolha é livre entre ser autor, espectador, editor, assinante, etc. A interface gráfica da Internet, denominada World Wide Web (Teia de Alcance Mundial), também conhecida como www, w3 ou por web, tem sido caracterizada como uma mídia de publicação aglutinadora de outros meios. Seu conteúdo é elaborado, diagramado e programado com a finalidade principal de apresentação nas telas dos computadores receptores. A mensagem audiovisual da Internet perde a maior parte de sua diversidade multimediática, quando é capturada e impressa sob a forma de texto.
Novas profissões foram criadas para suprir a demanda da Internet, entre as quais, a de WebDesigner, que se responsabiliza pela criação e confecção dos projetos gráfico (Sites ou Home Pages) para a web. Este profissional deve aglutinar conhecimentos e habilidades de diversos especialistas da mídia tradicional, como a de diagramador, programador visual, produtor artístico e animador gráfico, arte-finalista, sonoplasta, etc. Sua grande preocupação é com a qualidade visual do conteúdo e com a facilidade de navegação e de interação do receptor com a mensagem.
O vasto potencial de aplicação das tecnologias telemáticas no ensino ainda está subestimado por falta de articulação interdisciplinar entre as diversas áreas de conhecimento que deverão compor uma Pedagogia Multimediática. A Internet, por exemplo, pode integrar com sua rede de computadores, estudantes, professores e pesquisadores, geograficamente distantes e possibilitar a troca de informações locais e universais, a convivência direta de culturas e línguas sem que haja mecanismos de edição ou seleção de informação, como é corriqueiro nos meios tradicionais de comunicação. É oportuno observar que não há ainda, pesquisas conclusivas sobre as influências do uso massivo de meios telemáticos em diferentes culturas. Qualquer projeto de educação audiovisual deve considerar primeiro o repertório cultural do público ao qual pretende atingir, para poder elaborar linguagens com códigos de comunicação adequados para o universo escolhido. Utilizar o mesmo conteúdo, método e códigos para públicos de culturas diferentes é negar o potencial de interação e de diversidade que este tipo de educação pode proporcionar, ou então, é uma tentativa de impor padrões de uma cultura à outra.
As tecnologias digitais de comunicação, ao permitir a emissão e a recepção em dois sentidos, rompeu o paradigma da comunicação unidirecional, praticada pela tevê e pelos meios impressos, e com menor intensidade, pelo rádio. As práticas de educação a distância desenvolvidas via rádio e tevê, em diversos países e com diferentes objetivos, demonstraram resultados satisfatórios quando a recepção dos programas aconteceu em ambientes de monitoria para atendimento dos alunos. A recepção organizada destes programas garante aos alunos, a convivência e interação aproximada, de uma sala de aula. A teleaula tradicional está sendo substituída rapidamente pela videoconferência, em função dos avanços contínuos da Internet na transmissão simultânea de imagens animadas e de áudio. A videoconferência síncrona (quando o professor e os alunos estão conectados no mesmo horário) é hoje, um recurso de educação a distância bastante próximo da aula presencial pois permite que eles se visualizem, façam perguntas e resolvam dúvidas de imediato. A recepção assíncrona perde esta proximidade, e a existência de um canal de diálogo remoto entre professor e aluno, torna-se indispensável para compensar a ausência de uma comunicação simultânea necessária para haver uma boa relação de ensino-aprendizado.
Diante dos avanços dos suportes telemáticos, é preciso viabilizar um sistema de ensino de massa não mais baseado na extensão de um sistema físico de Escolas, Faculdades ou de Universidades, mas de uma rede virtual interativa de Recepção Orientada e de acesso gratuito e universal. Os sistemas tradicionais de ensino já não conseguem dissimular a exaustão de seus paradigmas diante de um mercado que exige a atualização permanente dos trabalhadores empregados e uma qualificação sempre maior para os que procuram o primeiro emprego. No caso brasileiro, em que a população aumenta cerca de três milhões de pessoas por ano, é preciso incorporar à escola, toda a variedade disponível de meios educacionais para atender de modo presencial e a distância e em tempo resumido, a imensa demanda de formação de crianças e jovens.
Num plano imediato, é preciso assegurar a qualificação de mais dois milhões de jovens brasileiros, que anualmente entram em idade de trabalho, para que eles possam ser absorvidos pelo mercado produtivo formal. A utilização dos recursos digitais abre a possibilidade mais viável e imediata de revitalização do ensino público, com a atualização a distância dos professores em exercício, com a qualificação dos professores leigos, e ainda, de requalificação e formação continuada para os trabalhadores urbanos e rurais, para que eles não sejam vítimas permanentes do desemprego econômico e tecnológico.
Parece-nos que a adequação da educação para esta sociedade da informação (ainda um tanto difusa) é o único caminho possível por enquanto, para que todos consigam trabalho num mundo em que os empregos regulares estão em constante declínio. É preciso garantir conhecimentos especializados aos trabalhadores, para que eles possam desenvolver de forma autônoma, atividades produtivas estáveis (individuais ou familiares) auto-sustentáveis de geração de renda. Cabe aos educadores e aos especialistas em comunicação informacional conceberem em conjunto, diferentes modelo de aulas virtuais para os diferentes meios disponíveis. O primeiro cuidado é considerar que educação a distância (EAD) não é comunicação de massa e tampouco instrução programada onde só há estímulo para uma comunicação em forma de pergunta/resposta. A web permite por exemplo, que o aluno seja abordado individualmente (este sistema interativo de aula não desperta a distância psicológica entre os alunos e o professor) e se torne o principal objetivo do processo educativo. O acesso às aulas via Internet pode acontecer em casa, no trabalho e na própria escola quando o objetivo for permitir maior interdisciplinariedade entre áreas de conhecimento na graduação ou cursos especialização e pós-graduação a distância.
Uma classe virtual síncrona não deverá, por enquanto, ter muitos alunos para não dificultar o acesso e a interação entre todos os participantes. O controle de freqüência tenderá ser igual ao das aulas presenciais. Nestes tipos de aula, o computador e a Internet são meios, são recursos pedagógicos que permitem aulas a distância de forma síncrona ou assíncrona. É uma forma de aprendizado cognitiva, construtivista, que exige do aluno, um esforço maior que nas aulas presenciais. O professor na EAD, torna-se um comunicador, um facilitador do acesso às informações que estarão em disponibilidade permanente na web. Ele incentiva a participação e a interação da classe, apresenta aos alunos os assuntos e discussões previstos no programa da matéria e quando percebe que algum aluno não participa, entra em contato paralelo com ele para incentivá-lo. Nas interações assíncronas, as orientações e resoluções de dúvidas poderão ser por e-mail, por listas de discussões e pelo acesso ao site da aula com explicações disponibilizadas para o acesso em qualquer horário. Via conferência, com o uso de softawares apropriados, é possível que o professor se comunique com todos os alunos ao mesmo tempo, individualmente e via conferência paralela, e ainda, é possível fazer conferências múltiplas e enviar mensagens individuais a cada aluno.
A tecnologia telemática, consideradas algumas reservas econômicas e políticas que apontamos no texto, está cada dia mais apropriada para a educação virtual. O desconhecimento de uso destes meios não pode ser argumento para bloquear a expansão do ensino a distância em nosso país. É preciso dominar os meios digitais, antes que eles tornem nosso conhecimento educacional e nossa prática profissional totalmente obsoleta.
Referências Bibliográficas:
ANAIS do II Seminário Latino Americano de Educação para a Televisão. Educação para os Meios de Comunicação: um problema metodológico. ABT: Estudos e Pesquisas, 1986
BABIN, P. & KOULOUMDJIAN, M. F. Os novos modos de compreender e de ensinar: a geração do audiovisual e do computador. São Paulo: Paulinas, 1989.
BALAN, W.C. Breve Relatório sobre o VIII ISTEC General Assembly-PUC/RS. Porto Alegre: 1998
BORDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
BRETON, P. História da Informática. São Paulo: UNESP, 1991.
FRANCO, M. da S. Escola Audiovisual. São Paulo: ECA/USP, 1988.(tese de doutorado).
FREIRE, P.e GUIMARÃES S. Sobre Educação: diálogos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna. Loyola: São Paulo, 1992.
MANACORDA, M.A. História da Educação: da antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, 1992.
MORAN, José Manoel. Como utilizar a Internet na educação. Ciência da Informação. Brasília, vol. 26, n.º 2, maio/agosto 1997.
SANTOS, M. TÉCNICA, ESPAÇO, TEMPO: Globalização e Meio Técnico-Científico Informal. São Paulo: Hucitec, 1986.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1991.
SCHAFF, A. A Sociedade Informática. São Paulo: Brasiliense, 1993.
TARDY, M. O professor e as imagens. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1976.
TOTA, A.P. A locomotiva no ar: rádio e modernidade em São Paulo, 1924-1934. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo/PW, 1990.
VALE, J. M. F. do. Educação e Comunicação: os recursos tecnológicos e as possibilidades didático-pedagógicas. Bauru: (mimio)1996.
PS: Este artigo foi apresentado no III Simpósio Internacional de Biblioteconomia UNESP– Marília (1999)
A percepção visual
Diferente do que estamos acostumados a pensar, nossa percepção não identifica o mundo exterior como ele é na realidade. De fato, câmeras e vídeos reforçam essa impressão, já que parecem recriar o mesmo mundo que nós vemos. Nossa percepção do mundo, seja vista diretamente ou reproduzida em filme, sempre é uma criação do cérebro. Trata-se, portanto, de uma construção da realidade e não uma reprodução fiel do que é o mundo. Nosso sistema sensorial possui receptores específicos, capazes de responder a estímulos. Poderíamos dizer que “a verdade” é que o universo é incolor, inodoro, insípido e silencioso.
Os receptores são em verdade, células nervosas que recebem, transformam e transmitem um grande número de informações. Na percepção visual, o sentido da visão é estimulado por ondas luminosas e captadas pelo olho. Na retina dos olhos encontram-se os receptores específicos (cones e bastonetes) que darão início ao processo perceptual de cores, formas, movimento, profundidade etc.
Os receptores dos olhos (fotorreceptores) são sensíveis, portanto, a energia eletromagnética. Os fótons, que são as partículas elementares de um campo magnético, são transformados em imagens Os fotorreceptores transformam a energia eletromagnética em energia eletroquímica, que por sua vez, é a fonte de todo impulso nervoso. O impulso nervoso se propaga de um neurônio a outro através das sinapses e assim a informação chega ao cérebro, que diferencia as experiências sensoriais em áreas específicas.
Apesar de possuirmos outros sentidos, a visão constitui-se para os humanos na experiência sensorial mais importante. Algo em torno de75% da nossa percepção tem como fonte a visão. Finalmente, se afirmamos que o mundo sensorial é uma mera criação do nosso cérebro, concluímos que cérebros diferentes podem criar experiências sensoriais diferentes, mesmo que entre membros de uma mesma espécie.
Hipermídia: Conceitos
Novas Formas (Visuais) de Buscar
Experimente a busca de conteúdo. E a de produtos.
Outro, em forma de mapa.
E o último.
Os conceitos de hipermídia, multimídia e hipertexto costumam ser misturados e confundidos até mesmo por profissionais dessas áreas. Alguns autores assumem o termo “hipermídia” como sinônimo de “multimídia”, ou mesmo de “hipertexto”.
Para Tori, “a hipermídia é uma extensão do conceito de hipertexto, onde além de textos propriamente ditos, os dados manipulados pela aplicação podem ser quaisquer entre os disponíveis em sistemas multimídia, como som e vídeo.”
De acordo com Vicente Gosciola, hipermídia é “o conjunto de meios que permite acesso simultâneo a textos, imagens e sons de modo interativo e não linear, possibilitando fazer links entre elementos de mídia, controlar a própria navegação e, até, extrair textos, imagens e sons cuja seqüência constituirá uma versão pessoal desenvolvida pelo usuário”.
Para Leão, o que distingue a hipermídia é a possibilidade de estabelecer conexões entre diversas mídias e entre diversos documentos ou nós de uma rede, ou seja sua arquitetura de navegação em forma de rizoma. Com isso, os "elos" entre os documentos propiciam um pensamento não-linear e multifacetado. O leitor em hipermídia é um leitor ativo, que está a todo momento estabelecendo relações próprias entre diversos caminhos. Como um labirinto a ser visitado, a hipermídia nos promete surpresas, percursos desconhecidos.
Como as hipermídias têm como características básicas a hibridação de signos e a interatividade, e visto que o recurso às imagens torna-se cada vez mais viável no Interior da Internet, em função do aumento da velocidade de conexão, é bem provável que elas venham a se tornar representantes importantes das artes narrativas audiovisuais, uma arte híbrida por excelência, que, para contar histórias, mistura hipertextos com vídeos digitais, HQs com fotografias, jogos com amines etc., configurando um discurso ainda sem padrões estabelecidos.
Boa parte das experiências mais inovadoras em criação hipermidiática é realizada no contexto da chamada arte digital, com destaque para net art ou web art, cujo espaço de produção e difusão é a Internet. Essas transformações no domínio da escrita e da arte fazem parte de um processo histórico mais amplo e inserido naquilo que vem se denominando de cibercultura.
Ve um pouco mais sobre a história da informática e sobre o que é a linguagem didital:
Hipermídia: Características
Trechos do livro LEÃO, Lucia. O Labirinto da hipermídia - arquitetura e navegação no ciberespaço
*
As páginas da WWW muitas vezes são compostas por diversos itens de hiperlinks, formando uma espécie de "menu de links". Isto é muito importante pois, com o aumento do potencial de conexões, a navegação tende a se ornar mais complexa, mais rica. Existem produtos, no entanto, que extrapolam e organizam suas páginas na Web em índices e mais índices, num movimento incessante de tópicos e mais tópicos que parece nunca acabar. Esse tipo de organização faz com que tenhamos uma série de links para outros links. Além do fato de causar uma sensação de vazio, pois é como se tivéssemos acesso sempre aos rótulos e nunca aos produtos, essa construção acaba por levar ao que Rosenberg e outros denominaram "desmaterialização da lexia [nó]"... encruzilhadas que chegam a outras encruzilhadas... causa de uma sensação de frustração e ansiedade comuns aos navegadores.
*
... a presença da lexia acaba impondo um tipo de construção textual sintética, na qual se pode começar a ler o texto de qualquer ponto do sistema.
*
"o texto apresenta-se fragmentado, atomizado em seus elementos constitutivos (em lexias ou blocos de texto), e essas unidades legíveis passam a ter vida própria ao se tornarem menos dependentes do que vem antes ou depois na sucessão linear. (Landow)
*
O caráter interativo é elemento constitutivo do processo hipertextual. À medida que a hipermídia se corporifica na interface entre os nós da rede e as escolhas do leitor, este se transforma em uma outra personagem. Dentro dessa perspectiva, o leitor é agora um construtor de labirintos.
*
"Numa economia simbólica que se poderia chamar num significado próprio, dialógico - é assim que eu vejo, fundada sobre um diálogo, logo, sobre uma troca, interativa e multimodal -, o estatuto da obra, do autor e do espectador sofrem fortes alterações. O triângulo delimitado tradicionalmente pela obra, o autor e o espectador vêem sua geometria questionada. Para conservar a metáfora, dir-se-á que este triângulo tende a se tornar um círculo (...) Sobre esse círculo móvel, a obra, o autor e o espectador não ocupam mais posições estritamente definidas e estanques, mas trocam constantemente estas posições, cruzam-se, confundem-se ou se opõem, contaminam-se (...) Certamente não se vê nunca duas vezes o mesmo quadro, mas, com a imagem interativa, é o próprio quadro que muda no seu existir
sensível - aos olhos de todos - e não somente na interpretação do observador.
*
"Os textos eletrônicos se apresentam por intermédio de suas dissoluções. Eles são lidos onde são escritos e eles são escritos ao serem lidos".
Na interface entre leitor-autor é que um trabalho amadurece.
*
... um trabalho em hipermídia não precisa mais mais se limitar a apenas uma linha de raciocínio. O argumento do pesquisador aparece somente na determinação de limites de inclusão e/ou exclusão.
*
O leitor é, então, um operador das multiplicidades e deve proceder de uma forma descontínua e multilinear. [vários níveis topológicos de leitura: sons, vozes, imagens de diversos tipos].
... no hipertexto, todo leitor é também um pouco escritor, pois, ao navegar pelo sistema, vai estabelecendo elos e delineando um tipo de leitura. O conceito de texto flexível requer e cria um leitor ativo.
*
"novas formas de navegação mental serão necessárias para reencontrar-se nos labirintos informacionais em constante regeneração".
O leitor ativo que a hipermídia requisita é também o arquiteto de um labirinto. O viajante, ao percorrer o sistema, faz existir um espaço que se desdobra. No momento em que este atualiza escolhas, o desenho de um labirinto é criado.
Labirinto, como sempre, pessoal e único.
*
"o labirinto não é uma arquitetura, uma rede no sentido de quem o projeta e o concebe, mas o espaço que se desdobra diante do viajante que progride, sem mapa na própria rede."
Existem três labirintos. Um labirinto é a arquitetura propriamente dita, pura potencialidade gravada em disco, nos sistemas ou nas redes. Um segundo labirinto é esse "espaço que se desdobra" e que se forma através do percurso de leitura do viajante. Esse segundo labirinto é uma atualização do primeiro. O terceiro labirinto seria aquele que surge
após a experiência hipermidiática. Nem sempre ele se delineia claramente. Muitas vezes, a percepção que fica desse
labirinto é mais a de uma silhueta sem forma, imagem que se esvai.
É preciso que se recupere o sentido de enciclopédia enquanto agkuklios paidea, "aprendizagem que põe o saber em ciclo" (Morin, 1977: 22), e que se deixe de lado o sentido meramente acumulativo de informações: "trata-se de en-ciclo-pediar, isto é, de aprender a articular os pontos de vista disjuntos do saber num ciclo ativo (...) O esforço referir-se-á, pois, não à totalidade dos conhecimentos em cada esfera, mas aos conhecimentos cruciais, aos pontos
estratégicos, aos nós de comunicação, às articulações organizacionais entre as esferas disjuntas. (Morin, 1977: 22)
Linguagens Audiovisuais e Educação Práticas
|
|
Algumas das principais possibilidades de relação entre as linguagens audiovisuais e a educação envolvem: Análise da produção audiovisual
- Conhecimento do histórico e das características de linguagens cinematográficas e televisivas no intuito de estimular a análise de obras audiovisuais, compreendendo seu processo de produção e sua função social, a relação entre a forma e o conteúdo das obras, além do desenvolvimento da sensibilidade para questões ideológicas da representação visual.
- A valorização do repertório audiovisual dos estudantes - tais como filmes, programas de TV, propagandas, novelas etc - pode revelar-se como uma estratégia interessante e envolvente para a realização de análises críticas e debates acerca dos conteúdos e da forma como são tratados determinados temas pelos meios de comunicação.
Sobre história do cinema e da fotografia visite Mnemocine História e Pesquisa Audiovisual
Criação, Organização e Gestão de Acervos
· O desenvolvimento da "cultura de acervo" no meio escolar pode ser estimulado através de contínua alimentação, organização, manutenção e uso de um repertório amplo de filmes, vídeos, fotografias e fitas de áudio em aulas, pesquisas disciplinares de alunos e professores, organização de eventos culturais na escola e na comunidade, preservação da memória comunitária, entre outras possibilidades.
* Leia também o texto "Cultura de acervos"
Utilização da câmera como mediação do objeto de estudo
- A compreensão de que a câmera pode mediar a relação dos estudantes com os conteúdos abordados e que gravar e registrar uma imagem é constituir um signo para uma futura emissão/recepção, possibilita propor aos jovens e educadores abordagens participativas de construção do objeto de estudo, contribuindo no processo de elaboração e desenvolvimento de trabalhos escolares, pesquisas, aulas práticas, estudos do meio e etc..
Realização de roteiro e gravação de vídeos, registros de eventos etc.
- A introdução dos conceitos básicos de elaboração de projetos audiovisuais que possam auxiliar na documentação, na elaboração de empreendimentos em uma perspectiva de trabalho a médio e longo prazo e/ou o desenvolvimento de um projeto de vídeo, permite a constituição de um espaço amplo de discussão acerca de um tema ou objeto de estudo.
- A realização de uma obra audiovisual pode tornar-se elemento catalisador no envolvimento dos estudantes e educadores em tarefas multidisciplinares.
- A familiarização com a captação de vídeo e os desdobramentos de sistematização do material gravado, possibilita o contato com questões éticas, técnicas e de linguagem que envolvem a confecção do roteiro e a preparação da edição.
Para saber mais sobre técnica e linguagem do cinema e da fotografia visite Mnemocine/Técnica
Organização de eventos, cineclube e mostras temáticas de vídeo, cinema e fotografia
- A atividade cineclubista tem uma larga tradição na cultura brasileira e seu resgate pelas escolas pode oferecer uma inesgotável fonte de formação cultural e de cidadania. A mobilização de estudantes e professores na realização de mostras temáticas, desenvolvimento de debates e outras atividades, possibilita a integração da escola com os pais de alunos e a comunidade local, tornando-a centro de promoção cultural.
(Flávio Brito e André Costa - agosto 2002) voltar |
|
Para facilitar a transmissão e a absorção do conhecimento, os seres humanos dividiram o conhecimento em várioscompartimentos, comumente chamados de disciplinas: comunicação e expressão, matemática, ciências, estudos sociais, artes, etc. - ou, alternativamente, português, matemática, física, química, biologia, história, geografia, artes, filosofia - para não mencionar sociologia, antropologia, economia, etc.
Essas formas de classificar o conhecimento são artificiais: raramente um problema se encaixa unicamente dentro dos limites de uma só disciplina.
Por isso, quando nos propomos a estudar problemas reais, em vez dos conteúdos geralmente demarcados para uma disciplina, acabamos tendo que adotar uma abordagem interdisciplinar. (Muitos autores preferem termos como multidisciplinar, transdisciplinar ou ainda outros - as nuances de sentido entre esses vários conceitos não são tão importantes aqui quanto o contraste entre uma abordagem disciplinar e uma abordagem que envolve várias disciplinas de forma integrada, que chamaremos de interdisciplinar, por ser este o termo mais comum).
Tomemos como exemplo o problema do meio ambiente.
Nosso meio ambiente contém componentes naturais, que normalmente são estudados pela física e pela química; possui também seres vivos, como plantas, animais e nós mesmos, seres humanos, estudados pela biologia; mas seres humanos também podem ser estudados pela psicologia e, como vivem em sociedade, pela sociologia; como nosso planeta tem uma história, a história precisa ser invocada; como seus territórios estão divididos em unidades geo-políticas, precisamos da geografia; e assim por diante.
Dentre os fatores que ameaçam o nosso meio ambiente estão poluentes químicos inorgânicos e biológicos do ar, dos rios, da própria terra; desmatamento desregrado; uso de técnicas agrícolas impróprias; não tratamento ou tratamento inadequado do lixo doméstico e industrial; crescimento populacional desordenado; consumismo desenfreado; e muitos outros.
É impossível estudar o meio ambiente e tomar as medidas corretivas que se impõem para que não destruamos a nossa Terra, dentro de uma abordagem puramente disciplinar: precisamos enfocar a questão de maneira interdisciplinar. Algumas questões serão equacionadas no âmbito das ciências naturais e biológicas, outras no nível das ciências comportamentais, ainda outras em decorrência da adoção de valores mais adequados. Como tratar desse problema de forma exclusivamente disciplinar? É preciso abordá-lo de uma forma integrada, que envolva várias disciplinas.
O mesmo é verdade acerca de quase todos os problemas interessantes que temos que enfrentar. É por isso que os chamados temas transversais se tornam importantes hoje: eles refletem uma tentativa de transcender os paradigmas disciplinares que têm imperado até hoje na educação escolar e de substituí-los por paradigmas temáticos, interdisciplinares.
Audiovisual e Educação
Introdução:
“‘Não voamos porque inventamos os aviões, inventamos os aviões para fazer de maneira mais eficiente algo que é uma necessidade humana básica - movimentar-se’. Não fazemos filmes porque a tecnologia existe, nós inventamos a tecnologia, e continuamos a reinventá-la e aprimorá-la, porque isso facilita outra necessidade humana realmente básica - comunicar-se”.[1] Para o educador Paulo Freire “Uma das grandes, se não a maior, tragédia do homem moderno, está em que é hoje dominado pela força dos mitos e comandado pela publicidade organizada, ideológica ou não, e por isso vem renunciando cada vez, sem o saber, à sua capacidade de decidir. Vem sendo expulso da órbita das decisões. As tarefas de seu tempo não são captadas pelo homem simples, mas a ele apresentadas por uma “elite” que as interpreta e lhas entrega em forma de receita, de prescrição a ser seguida. E quando julga que se salva seguindo as prescrições, afoga-se no anonimato nivelador da massificação, sem esperança e sem fé, domesticado e acomodado: já não é sujeito. Rebaixa-se a puro objeto. Coisifica-se.”[2]
Como se dá, portanto essa relação direta do tripé entre Sociedade-Educação-Cultura?
Ao longo do curso percebemos, através da leitura dos autores estudados, que a educação reflete a sociedade e vice versa. Os diversos pensadores estudados problematizaram o tema, a fim de levantar possíveis soluções, métodos pedagógicos ou até mesmo chegando a resoluções tautoméricas.
Cada autor escreve tomando como base sua época, e as anteriores a ele. Isso limita realmente a capacidade de antecipação dos próprios problemas levantados por eles em suas possíveis soluções. Entretanto, seus erros servem de alerta para a próxima geração e buscar novos rumos é sempre uma maneira crítica de educação. Por isso debater sobre qualquer assunto é também saber que podemos, e provavelmente estamos errados em algum ponto de nosso raciocínio. Rousseau[3] por exemplo, apontou que o progresso não significa necessariamente um avanço moral, e criticava a posição minimalista e prática dos pensadores que viam, durante o iluminismo, a razão humana e a ciência como única forma de felicidade. O autor questionava dessa forma a própria ideologia defendida por ele em seu tempo. É, portanto de extrema importância, ao pensar soluções, pensar os efeitos dessas, a fim de prever o impacto negativo e positivo de nosso pensamento. Isso é o que Rousseau chamava de racionalismo instrumental.
A maioria dos autores propôs uma educação crítica, emancipatória e que refletisse de maneira prática em nossa sociedade. Alguns analisando mais política e economicamente, enquanto outros buscando soluções filosóficas e humanas para essas questões. Por outro lado, constataram que entre a teoria e a prática existe um sistema alienado, com suas ideologias internalizadas e inertes a qualquer reforma, o que dizer de uma mudança.
A mudança, portanto, no meu ponto de vista, deve ser feita, como refletiu Istruan Meszáros[4], em todas as vertentes possíveis. Segundo ele, a educação deveria ser uma transcendência positiva que ultrapassasse a auto-alienação do trabalho. A mudança, no entanto, não funcionaria de maneira drástica, através de uma revolução como propunham os marxistas e suas teorias socialistas (que em muito contribuíram para uma densa crítica ao sistema capitalista, estudando suas bases profundamente).
Antonio Gramsci[5] escreveu que as reformas devem ser pensadas à margem do sistema. Utilizar os locais apenas explorados pelo sistema, mas abandonados do ponto de vista do desenvolvimento social e humano, super-explorando a mão de obra, os recursos naturais, sem nenhuma contrapartida àquela sociedade. Esses locais deveriam ser utilizados para experimentar novas formas de educação, com o objetivo de criar novas e consolidadas ideologias. Uma ideologia cuja base seja a educação democrática proposta por Paulo Freire, utilizando um novo conceito de cultura, mais antropológico, buscando a valorização da diversidade e da regionalização, não da forma fanática e nacionalista proposta pelo fascismo, mas universal como apontada no relatório da UNESCO[6].
Da mesma forma, tentar utilizar as próprias ferramentas de massificação utilizadas pelo Estado (seus aparelhos ideológicos como apontadas por Louis Althursser[7]) e pelas corporações, estas corporificadas pelo o sistema através das pessoas jurídicas, sem rosto, sem caráter, em que a única ética é o lucro.
Assim como Niedson Rodrigues[8] propõe que a educação no indivíduo deve ser feita de dentro pra fora e não apenas de fora para dentro (educador deve ser apenas motivador), a mudança das estruturas sociais e ideológicas, que configuram nossa sociedade competitiva e desigual, deve ser seguir os dois movimentos. Primeiramente de fora, através dessas experiências consolidadas, possibilitando exemplos concretos de uma sociedade funcional alternativa. Simultaneamente de dentro para fora, trazendo para o centro das decisões aos poucos essas mudanças. O sistema deve, portanto sentir a necessidade para a mudança e a educação estar pronta para atender essa demanda durante o processo de transição (algo como o proposto por Paulo Freire[9]). Esse processo já ocorre na medida em que um novo fator, a questão ecológica, é levantado, colocando em xeque a funcionalidade do sistema, seu caráter imediatista, individualista e infinito. A sustentabilidade, a solidariedade, o coletivo e a diversidade devem ser as novas idéias adotadas nessa nascente ideologia.
A cultura tem papel fundamental nesse processo. Buscar novas linguagens estéticas para atingir o sensorial da população, levantando novos conceitos e buscando a mudança não através apenas da razão (sustentabilidade), mas também no âmbito dos sentidos.
Deste modo, o audiovisual, minha área principal de pensamento, é um instrumento de educação importantíssimo para esse novo nascimento ideológico. Não só pela sua imensa rede de difusão (seja pela TV, cinema ou internet), mas também por sua estética, possivelmente, muito próxima ao sonho.
O sonho é um lugar comum a todos os humanos, universal. No sonho, a ambição, a velocidade, os compromissos e a intenção entre indivíduos se dá (ou pode se dar) de uma forma totalmente distinta: nos sonhos não existe o poder, o dinheiro, as limitações físicas/orgânicas do corpo, não há diferenciação de raças ou etnias. Todos somos iguais. Buscar trazer, assim, ao mundo material o mundo do sonho, através da educação cultural é um grande passo?
Conclusão:
Percebemos então a importância da comunicação audiovisual na cultura da sociedade moderna. Isso nos alerta que a condição do indivíduo crítico e democrático em uma sociedade com valores mais humanos e conscientes passa pela modificação de nossa cultura.
Uma nova ideologia mais coletiva deve ser pensada, e a educação tem papel fundamental nesse processo que já ocorre. É importante ter em vista a própria problematicidade desse processo, alertando sempre para os novos rumos, a fim de evitar um retrocesso.
Deve-se pensar na educação como fator da sociedade, não de forma isolada, e, além disso, desenvolver um conceito amplo de mudança, por várias vertentes, utilizando tanto o centro como a marginalidade do sistema para as reformas que acarretarão em mudanças profundas e positivas.
Todo esse processo se dá de forma gradual, e aos poucos a nova cultura se internaliza e passa a ser sistema. Para que esse sistema seja humano, no entanto, é preciso que o processo seja totalmente pautado pelos conceitos da educação, democracia e diversidade.
Bibliografia:
LABAKI, Amir. O Cinema do Real. Título Original: Subtítulo: Autor: Amir Labaki, Maria Dora Mourão. Tradução: Editora: Cosac & Naify
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
MESZÁRIOS, Istruan. A Educação para além do Capital. Boitempo, 2005
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989
UNESCO. Educação: Um tesouro a descobrir”
ALTHUSSER, L. P. Aparelhos Ideológicos de Estado. 7ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
RODRIGUES, Neidson “Educação: Da formação humana a contribuição do sujeito ético“
FREIRE, Paulo. Educação como Prática de Liberdade. 17.ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
Felipe Carrelli é graduando em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
[1] A primeira citação é de José Carlos Avellar e a segunda é uma analogia a esta citação feita por Russel Porter. Trechos extraídos do livro O Cinema do Real. Título Original: Subtítulo: Autor: Amir Labaki, Maria Dora Mourão. Tradução: Editora: Cosac & Naify
[2]FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
[3] ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
[4] MESZÁRIOS, Istruan A Educação para além do Capital. Boitempo, 2005
[5] GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura; Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989
[6] Educação: Um tesouro a descobrir” - UNESCO
[7] ALTHUSSER, L. P. Aparelhos Ideológicos de Estado. 7ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
[8] RODRIGUES, Neidson “Educação: Da formação humana a contribuição do sujeito ético”
[9] FREIRE, Paulo. Educação como Prática de Liberdade. 17.ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
1) Portal Ensinando - Objetivo: pretende consolidar-se como um porto para os professores e pedagogos navegantes da internet. Para isso tem trabalhado para construir uma forte imagem de eficiência, confiabilidade e agilidade. Tem firmado parcerias com instituições renomadas e pretende em médio prazo atingir de forma mais abrangente os países de língua portuguesa.Pretendemos crescer consistentemente, construindo uma sólida rede de parceiros e colaboradores satisfeitos com nossos serviços. A organização da empresa está baseada em procedimentos padrões, na forma de fluxograma de fácil entendimento para novos funcionários e estagiários, visando assim descentralizar os serviços. Além de contar com colaboradores renomados de todo país. A assistência é feita a todos os que necessitam, com atendimento personalizado, agilidade que a internet oferece. Garantia de qualidade e capacitação contínua, estão entre as prioridades estratégicas da empresa. Link:
:
2) Construindo, trocando, educando (CTE) - Quem são: Os membros são professores da Equipe de formação da GEIF - Gerencia de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação de Pernambuco. Está localizada na UEAD (Unidade de Educação a Distancia), responsavel pela formação dos Coordenadores de CTE - Central de Tecnologia. Link:
:
3) Educa Tube - Criado (MAIO/2009) para indicar vídeos de e para educadores, além de sugerir diversos recursos tecnológicos com fins educativos. Apesar de recente, o blog tem muito material disponível, além de orientações sobre procedimentos de informática, tais como transformar slides feitos no power point em vídeo para disponibilizá-los no You Tube. Link:
:
Pesquisa: Marciano Lopes
Dinah Franke Moreira*
Como professora de Língua Portuguesa e Literatura, considero um desafio levar os jovens (alunos) de hoje a apreciar seu processo de aprendizagem ou ir em busca do conhecimento. Acredito que uma das razões desse desinteresse seja o acesso a diferentes recursos tecnológicos, exposição a um verdadeiro “bombardeio” de informações, imagens e cores, o que possivelmente interfere na atenção, na concentração e no interesse pelos livros. Assim, como parte integrante do meu processo de formação continuada, propus aos alunos do 2º ano “A” do Colégio Estadual Primo Manfrinato (Cianorte - Paraná) a produção de uma revista eletrônica, acreditando ser uma forma de ampliar o universo cultural e aperfeiçoar a capacidade lingüística dos mesmos, já que as produções passariam a ter um leitor real, além de fazer uso da internet.
A proposta foi muito bem aceita, visto que se trataria de um trabalho midiático e que extrapolaria os muros da escola, pois para produzir entrevistas e reportagens seria preciso sair da escola para buscar dados e informações desejados.
Iniciamos o desenvolvimento do projeto no início do ano letivo, fazendo leituras e análises de revistas ou periódicos impressos e de exemplares eletrônicos, para compreender as condições de produção, os objetivos, o público leitor, a especificidade e a funcionalidade de cada texto. Decidimos o perfil da revista, que gêneros seriam produzidos e que temas seriam abordados. Todas essas definições ocorreram num processo coletivo e democrático. As produções deveriam ocorrer em equipe, o que de certa forma ajudaria a inspirar confiança. Os mais entendidos em informática seriam os responsáveis pela diagramação e pela editoração da revista, a qual recebeu o nome de revista eletrônica ativ@idade e será concluída no 3º bimestre do corrente ano, mas já está on-line desde o dia 30/06/2009.
Posso assegurar, como professora, que é um projeto que contribui em muito para o crescimento intelectual dos alunos, mas para desenvolvê-lo com mais qualidade a turma não poderia ter 49 alunos, como o ocorrido.
NOS BASTIDORES DA PRODUÇÃO
Para a composição da revista eletrônica ativ@idade os alunos escolheram os temas segundo os interesses, sendo: meio ambiente, saúde, beleza, moda, esporte, drogas, amor, música e o jovem no mercado de trabalho. Igualmente foram definidos os gêneros a serem produzidos, ficando como indicativo maior reportagens, entrevistas, poemas, artigos, propaganda social e texto imagético ou fotografias. Para auxiliar na compreensão do processo de editoração, os alunos fizeram uma visita ao Jornal Tribuna de Cianorte (ver foto acima), momento em que conheceram o trabalho do editor, do diagramador, dos repórteres (como ocorre a captação das informações) até o processo de impressão do jornal, onde foi possível ler a edição que seria distribuída no dia seguinte.
O jornal aproveitou a presença dos alunos e publicou uma reportagem sobre a visita, salientando a importância da aprendizagem além da sala de aula, matéria esta que serviu de subsídio e de incentivo para as produções em classe. Vários grupos optaram por fazer entrevistas com professores e pessoas de destaque na sociedade.
Em uma seção da revista tivemos a contribuição de alunos do Colégio Estadual Cianorte, que divulgaram seus trabalhos (propaganda social) realizados no projeto da professora PDE Leonice Fancelli.
Para cobrir os custos de hospedagem da revista eletrônica ativ@idade, contamos com a parceria do comércio local.
A primeira edição será finalizada no mês de agosto com o retorno das aulas, mas já está on-line no endereço: http://www.revistaatividade.com/, desde o dia 30/06/2009.
:
________________
Observação: o site está ainda em desenvolvimento, assim como a primeira edição on line. Como no momento os alunos estão de férias, o trabalho será retomado somente no final de julho.
III SIMPÓSIO GÊNEROS HÍBRIDOS DA MODERNIDADE: Literatura no cinema
- UNESP/ASSIS-SP
Data: 16 e 17 de setembro de 2009
Local: Campus da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho – Assis - SP
:
APRESENTAÇÃO
O Seminário Nacional de Literatura, História e Memória é uma das atividades do grupo de pesquisa “Confluências da ficção, história e memória na literatura”, da Unioeste/Cascavel-PR, vinculado ao Programa de pós-graduação stricto sensu – Mestrado em letras : Linguagem e Sociedade. O grupo está cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, desde a sua criação em 2007. Fazem parte deste grupo pesquisadores da graduação e da pós-graduação da Unioeste/Cascavel e outras IES, alunos e ex-alunos do Programa de Pós-Graduação em Letras. Na sua IX edição, em 2009, o evento torna-se interinstitucional, congregando o III Simpósio Gênero Híbridos da Modernidade: Literatura no cinema – atividade anual do grupo de pesquisa “Narrativas Estrangeiras Modernas: Gêneros Híbridos da Modernidade”, da UNESP/Assis-SP, que será a anfitriã do evento este ano.
SIMPÓSIOS:
1. LITERATURA, CINEMA E OUTRAS ARTES
COORDENADOR: Drº. Antonio Roberto Esteves – UNESP/Assis
2. LITERATURA E CINEMA: RELEITURAS DA HISTÓRIA
COORDENADORA: Drª. Maria Lídia Lichtscheidl Maretti – UNESP/Assis
3. LITERATURA E CINEMA: MEMÓRIAS DA GUERRA
COORDENADORA: Drª. Cátia Inês Negrão Berlini de Andrade – UNESP/Assis
4. LITERATURA E CINEMA: ESTUDOS DE GÊNERO
COORDENADORA: Drª. Cleide Antonia Rapucci – UNESP/Assis
5. LITERATURA E CINEMA: INTERTEXTUALIDADES
COORDENADORA: Drª. Ana Maria Carlos – UNESP/Assis
6.LITERATURA, CINEMA E ALTERIDADE
COORDENADORA: Drª. Neide Hissae Nagae
7. O UNIVERSO LITERÁRIO HISPANO-AMERICANO E O CINEMA
COORDENADOR: Drº. G. Francisco Fleck – UNIOESTE/Cascavel
8. CLÁSSICOS DA LITERATURA E DO CINEMA
COORDENADORA: Drª. Lourdes Kaminski Alves – UNIOESTE/Cascavel
9. LITERATURA, CINEMA E IMAGENS
COORDENADOR: Drº. Acir Dias da Silva
10. LEITURAS FÍLMICAS DA LITERATURA BRASILEIRA: NOVAS LINGUAGENS NA SALA DE AULA
COORDENADOR: Wagner de Souza
Para saber sobre o 17o Congresso de Leitura do Brasil veja o site
Com a coordenação de Ezequiel Theodoro da Silva e Norma Sandra de Almeida Ferrreira (ALB- Grupo de Pesquisa ALLE, FE-UNICAMP), pesquisas que têm como foco a leitura serão discutidas no Simpósio A RODA DOS PESQUISADORES DA ASSOCIAÇÃO DE LEITURA DO BRASIL – investigações sobre leitura, no II SIMPÓSIO MUNDIAL DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA, a realizar-se na cidade de Évora, Portugal, no período de 6 a 11 de outubro do ano corrente. O objetivo principal do Simpósio é “reunir e apresentar múltiplos aspectos dos processos e das práticas de leitura como objeto de reflexão e/ou de análise empírica, em sua diversidade e complexidade. Em um país como o Brasil, em que o acesso aos bens e às práticas da cultura letrada se dá de forma desigual, pôr em circulação o debate sobre leitura, discuti-lo coletivamente, não é somente uma necessidade, mas também um posicionamento de natureza política”.VEJA MAIS EM http://www.simelp2009.uevora.pt/
Vale a pena ler Todos contra D@nte (Cia das Letras, 2008). Além da relevância do tema abordado - a prática de violência moral e psicológica por jovens contra seus pares em ambiente escolar (em inglês, bullying; em francês, harcèlement quotidien; em italiano, prepotenza ou bullismo; em alemão, agressionen under schülern) – o livro merece destaque pelo caráter inovador de seu projeto gráfico. Ao lado de estruturas textuais típicas do século XXI (blogs, comunidades, chats) e da linguagem utilizada pelos jovens na internet, o protagonista do texto dialoga com um escritor do século XIII, Dante Alighieri, por meio da leitura de sua Divina Comédia, livro de cabeceira de nosso “herói”, homônimo do escritor italiano. O diferencial do projeto gráfico para o livro não se revela pela presença de ilustrações e imagens, e sim pela disposição do texto. Nas páginas à esquerda, a narrativa desenrola-se a partir de links numerados, pequenas caixas de texto que se ligam às informações veiculadas nas páginas à direita, todas como caixas de diálogos, blogs ou discussões de comunidades, estruturas muito conhecidas por jovens viajantes do ciberespaço. Há ainda o Post Scriptum, “O motivo sinistro”, paratexto com o qual o autor explica as ligações da história com a realidade, e as transformações literárias por que passou.
Sobre o Autor:
Luís Dill, autor do texto, nasceu em Porto Alegre no dia 04 de abril de 1965. Formou-se em Jornalismo pela PUCRS. Como jornalista, já atuou em assessoria de imprensa, jornal, rádio, televisão e Internet. Atualmente, é Produtor Executivo da Rádio FM Cultura na capital gaúcha, onde reside, e colabora em jornais e revistas. Estreou como escritor em 1990 com a novela policial juvenil A Caverna dos Diamantes (Sulina). Tem 21 livros publicados, além de participações em coletâneas. Finalista de diversos prêmios literários, recebeu o Açorianos/2008 na categoria contos pelo livro Tocata e Fuga (Bertrand Brasil, 2007); sua mais recente publicação é De carona, com nitro (Artes e Ofícios, 2009).
Alice Áurea Penteado Martha
Postado por Grupo Literatura, Leitura e Escrita no Ciberespaço às 10:59
Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica
O Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica é resultado da ação conjunta do Ministério da Educação (MEC), de Instituições Públicas de Educação Superior (IPES) e das Secretarias de Educação dos Estados e Municípios, no âmbito do PDE - Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação – que estabeleceu no país um novo regime de colaboração da União com os estados e municípios, respeitando a de autonomia dos entes federados.
A partir de 2007, com a adesão ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, os estados e municípios elaboraram seus respectivos Planos de Ações Articuladas, onde puderam refletir suas necessidades e aspirações, em termos de ações, demandas, prioridades e metodologias, visando assegurar a formação exigida na LDB para todos os professores que atuam na educação básica.
Os Planejamentos Estratégicos foram aprimorados com o Decreto 6.755, de janeiro de 2009, que instituiu a Política Nacional de Formação dos Profissionais do Magistério da Educação Básica, com a finalidade de organizar, em regime de colaboração da União com os estados, Distrito Federal e municípios, a formação inicial e continuada desses profissionais.
O Plano Nacional de Formação é destinado aos professores em exercício das escolas públicas estaduais e municipais sem formação adequada à LDB, oferecendo cursos superiores públicos, gratuitos e de qualidade, com a oferta cobrindo os municípios de 21 estados da Federação, por meio de 76 Instituições Públicas de Educação Superior, das quais 48 Federais e 28 Estaduais, com a colaboração de 14 universidades comunitárias.
Por meio deste Plano, o docente sem formação adequada poderá se graduar nos cursos de 1ª Licenciatura, com carga horária de 2.800 horas mais 400 horas de estágio para professores sem graduação, de 2ª Licenciatura, com carga horária de 800 a 1.200 horas para professores que atuam fora da área de formação, e de Formação Pedagógica, para bacharéis sem licenciatura. Todas as licenciaturas das áreas de conhecimento da educação básica serão ministradas no Plano, com cursos gratuitos para professores em exercício das escolas públicas, nas modalidades presencial e a distância.
O professor fará sua inscrição nos cursos por meio de um sistema desenvolvido pelo MEC denominado Plataforma Paulo Freire, onde também terá seu currículo cadastrado e atualizado. A partir da pré-inscrição dos professores e da oferta de formação pelas IES públicas, as secretarias estaduais e municipais de educação terão na Plataforma Freire um instrumento de planejamento estratégico capaz de adequar a oferta das IES públicas à demanda dos professores e às necessidades reais das escolas de suas redes. A partir desse planejamento estratégico, as pré-inscrições são submetidas pelas secretarias estaduais e municipais às IES públicas, que procederão à inscrição dos professores nos cursos oferecidos.
http://freire.mec.gov.br/index/principal
Em 2009, acompanhando as mudanças da TV Escola, que apresenta uma nova grade de programação, com novos quadros, séries, faixas e horários de reprises para atender às demandas do público, o Salto para o Futuro assume outro formato. O programa televisivo passa a ter 48 minutos de duração e as séries temáticas são assim organizadas: Salto Revista: três revistas eletrônicas (às segundas, terças e quartas-feiras), delineando três grandes eixos de apresentação de um tema relevante no cenário da educação contemporânea; Salto Entrevista: às quintas-feiras, o programa compreende três blocos de entrevistas, com entrevistados diferentes em cada bloco, ampliando os olhares sobre o assunto em questão. Salto Debate: ao vivo, às sextas-feiras, fechando a semana, com três debatedores e amplo espaço para a interatividade por telefone 0800 0216689 e email salto@mec.gov.br.
BOLETIM
A publicação eletrônica também mudou, trazendo uma diagramação mais leve. A proposta é que a leitura destes textos, que contribuem para o estudo e a compreensão dos temas abordados nos programas, seja instigada por uma apresentação atraente, que busca se aproximar de outras publicações especializadas.
O site www.tvbrasil.org.br/salto que está sendo reformulado, no qual se encontram a publicação eletrônica referente às séries do Salto, a grade de programação, além de sinopses, entrevistas, artigos etc. O Salto para o Futuro muda sem se afastar de seu objetivo primordial: a formação de professores.
Na estrutura atual, um maior espaço é reservado ao audiovisual, revelando, por meio de imagens e depoimentos, a diversidade das escolas brasileiras, o que já se tornou uma das marcas do programa. Mas é essencial destacar que o Salto continua investindo na interatividade e a propor um diálogo com os professores e professoras de todo o país, em especial com aqueles reunidos nas telessalas: durante toda a série, um fórum na internet e uma caixa postal estarão disponíveis, possibilitando o recebimento de questões, enviadas antecipadamente, para serem desenvolvidas no programa de TV na sexta-feira, ou no próprio site, durante a semana.
O Salto para o Futuro mudou, porque educação é mudança! Precisamos nos unir para fazer funcionar e melhorar a qualidade do ensino.
APRESENTAÇÃO
Finalmente o vídeo está chegando à sala de aula. E dele se esperam, como em tecnologias anteriores, soluções imediatas para os problemas crônicos do ensino-aprendizagem. O vídeo ajuda a um bom professor, atrai os alunos, mas não modifica substancialmente a relação pedagógica. Aproxima a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade urbana, mas também introduz novas questões no processo educacional.
O vídeo está umbilicalmente ligado à televisão e a um contexto de lazer, e entretenimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula. Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso planejamento pedagógico. Mas ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula.
Vídeo significa também uma forma de contar multilingüística, de superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais, mais próxima da sensibilidade e prática do homem urbano e ainda distante da linguagem educacional, mais apoiada no discurso verbal-escrito.
LINGUAGENS DA TV E DO VÍDEO
O vídeo parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexe com o corpo, com a pele -nos toca e "tocamos" os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. Pelo vídeo sentimos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, nós mesmos.
O vídeo explora também e, basicamente, o ver, o visualizar, o ter diante de nós as situações, as pessoas, os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo-distante, alto-baixo, direita-esquerda, grande-pequeno, equilíbrio-desequilíbrio). Desenvolve um ver entrecortado -com múltiplos recortes da realidade -através dos planos- e muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou movendo-se, imagens ao vivo, gravadas ou criadas no computador. Um ver que está situado no presente, mas que o interliga não linearmente com o passado e com o futuro. O ver está, na maior parte das vezes, apoiando o falar, o narrar, o contar histórias. A fala aproxima o vídeo do cotidiano, de como as pessoas se comunicam habitualmente. Os diálogos expressam a fala coloquial, enquanto o narrador (normalmente em off) "costura" as cenas, as outras falas, dentro da norma culta, orientando a significação do conjunto. A narração falada ancora todo o processo de significação.
A música e os efeitos sonoros servem como evocação, lembrança (de situações passadas), de ilustração -associados a personagens do presente, como nas telenovelas- e de criação de expectativas, antecipando reações e informações. O vídeo é também escrita. Os textos, legendas, citações aparecem cada vez mais na tela, principalmente nas traduções (legendas de filmes) e nas entrevistas com estrangeiros. A escrita na tela hoje é fácil através do gerador de caracteres, que permite colocar na tela textos coloridos, de vários tamanhos e com rapidez, fixando ainda mais a significação atribuída à narrativa falada. O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Nos atingem por todos os sentidos e de todas as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras realidades (no imaginário) em outros tempos e espaços. O vídeo combina a comunicação sensorial-cinestésica, com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional.
TV e vídeo encontraram a fórmula de comunicar-se com a maioria das pessoas, tanto crianças como adultas. O ritmo torna-se cada vez mais alucinante (por exemplo nos videoclips). A lógica da narrativa não se baseia necessariamente na causalidade, mas na contigüidade, em colocar um pedaço de imagem ou história ao lado da outra. A sua retórica conseguiu encontrar fórmulas que se adaptam perfeitamente à sensibilidade do homem contemporâneo. Usam uma linguagem concreta, plástica, de cenas curtas, com pouca informação de cada vez, com ritmo acelerado e contrastado, multiplicando os pontos de vista, os cenários, os personagens, os sons, as imagens, os ângulos, os efeitos.
Os temas são pouco aprofundados, explorando os ângulos emocionais, contraditórios, inesperados. Passam a informação em pequenas doses (compacto), organizadas em forma de mosaico (rápidas sínteses de cada assunto) e com apresentação variada (cada tema dura pouco e é ilustrado).
As mensagens dos meios audiovisuais exigem pouco esforço e envolvimento do receptor. Este tem cada vez mais opções, mais possibilidades de escolha (controle remoto, canais por satélite, por cabo, escolha de filmes em vídeo). Há maior possibilidade de interação: televisão bidirecional, jogos interativos, CD e DVD. A possibilidade de escolha e participação e a liberdade de canal e acesso facilitam a relação do espectador com os meios.
As linguagens da TV e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão. O jovem lê o que pode visualizar, precisa ver para compreender. Toda a sua fala é mais sensorial-visual do que racional e abstrata. Lê, vendo.
A linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas: solicita constantemente a imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica.
PROPOSTAS DE USO DO VÍDEO
Proponho, a seguir, um roteiro simplificado e esquemático com algumas formas de trabalhar com o vídeo na sala de aula. Como roteiro não há uma ordem rigorosa e pressupõe total liberdade de adaptação destas propostas à realidade de cada professor e dos seus alunos.
USOS INADEQUADOS EM AULA
Vídeo-tapa buraco: colocar vídeo quando há um problema inesperado, como ausência do professor. Usar este expediente eventualmente pode ser útil, mas se for feito com freqüência, desvaloriza o uso do vídeo e o associa -na cabeça do aluno- a não ter aula.
Vídeo-enrolação: exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria. O aluno percebe que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas discorda do seu mau uso.
Vídeo-deslumbramento: O professor que acaba de descobrir o uso do vídeo costuma empolgar-se e passa vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas.
Vídeo-perfeição: Existem professores que questionam todos os vídeos possíveis porque possuem defeitos de informação ou estéticos. Os vídeos que apresentam conceitos problemáticos podem ser usados para descobri-los,junto com os alunos, e questioná-los.
Só vídeo: não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes.
PROPOSTAS DE UTILIZAÇÃO
Vídeo como SENSIBILIZAÇÃO
É, do meu ponto de vista, ouso mais importante na escola. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a motivação para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e da matéria.
Vídeo como ILUSTRAÇÃO
O vídeo muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala em aula, a compor cenários desconhecidos dos alunos. Por exemplo, um vídeo que exemplifica como eram os romanos na época de Julio César ou Nero, mesmo que não seja totalmente fiel, ajuda a situar os alunos no tempo histórico. Um vídeo traz para a sala de aula realidades distantes dos alunos, como por exemplo a Amazônia ou a África. A vida se aproxima da escola através do vídeo.
Vídeo como SIMULAÇÃO
É uma ilustração mais sofisticada. O vídeo pode simular experiências de química que seriam perigosas em laboratório ou que exigiriam muito tempo e recursos. Um vídeo pode mostrar o crescimento acelerado de uma planta, de uma árvore -da semente até a maturidade- em poucos segundos
Vídeo como CONTEÚDO DE ENSINO
Vídeo que mostra determinado assunto, de forma direta ou indireta. De forma direta, quando informa sobre um tema específico orientando a sua interpretação. De forma indireta, quando mostra um tema, permitindo abordagens múltiplas, interdisciplinares.
Vídeo como PRODUÇÃO
- Como documentação, registro de eventos, de aulas, de estudos do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor, dos alunos e dos futuros alunos. O professor deve poder documentar o que é mais importante para o seu trabalho, ter o seu próprio material de vídeo assim como tem os seus livros e apostilas para preparar as suas aulas. O professor estará atento para gravar o material audiovisual mais utilizado, para não depender sempre do empréstimo ou aluguel dos mesmos programas.
- Como intervenção: interferir, modificar um determinado programa, um material audiovisual, acrescentanto uma nova trilha sonora ou editando o material de forma compacta ou introduzindo novas cenas com novos significados. O professor precisa perder o medo, o respeito ao vídeo assim como ele interfere num texto escrito, modificando-o, acrescentando novos dados, novas interpretações, contextos mais próximos do aluno.
- Vídeo como expressão, como nova forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente das crianças e dos jovens. As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem uma dimensão moderna, lúdica. Moderna, como um meio contemporâneo, novo e que integra linguagens. Lúdica, pela miniaturização da câmera, que permite brincar com a realidade, levá-la junto para qualquer lugar. Filmar é uma das experiências mais envolventes tanto para as crianças como para os adultos. Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma determinada matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em lugares visíveis dentro da escola e em horários onde muitas crianças possam assisti-los.
Vídeo como AVALIAÇÃO
Dos alunos, do professor, do processo.
Vídeo ESPELHO
Vejo-me na tela para poder compreender-me, para descobrir meu corpo, meus gestos, meus cacoetes. Vídeo-espelho para análise do grupo e dos papéis de cada um, para acompanhar o comportamento de cada um, do ponto de vista participativo, para incentivar os mais retraídos e pedir aos que falam muito para darem mais espaço aos colegas.
O vídeo-espelho é de grande utilidade para o professor se ver, examinar sua comunicação com os alunos, suas qualidades e defeitos.
Vídeo como INTEGRAÇÃO/SUPORTE
De outras mídias.
- Vídeo como suporte da televisão e do cinema. Gravar em vídeo programas.
importantes da televisão para utilização em aula. Alugar ou comprar filmes de longa metragem, documentários para ampliar o conhecimento de cinema, iniciar os alunos na linguagem audiovisual.
- Vídeo interagindo com outras mídias como o computador, o CD-ROM, com os videogames, com a Internet.
COMO VER O VÍDEO
Antes da exibição
. Informar somente aspectos gerais do vídeo (autor, duração, prêmios...). Não interpretar antes da exibição, não pré-julgar (para que cada um possa fazer a sua leitura).
. Checar o vídeo antes. Conhecê-lo. Ver a qualidade da cópia.
Deixá-lo no ponto antes da exibição. Zerar a numeração (apertar a tecla resset). Apertar também a tecla "memory" para voltar ao ponto desejado.
.Checar o som (volume), o canal de exibição (3 ou 4), o tracking (a regulagem de gravação), o sistema (NTSC ou PAL-M).
Durante a exibição
. Anotar as cenas mais importantes.
. Se for necessário (para regulagem ou fazer um rápido comentário)
apertar o pause ou still, sem demorar muito nele, porque danifica a fita.
. Observar as reações do grupo.
Depois da exibição
. Voltar a fita ao começo (resset/memory)
. Re-ver as cenas mais importantes ou difíceis. Se o vídeo é complexo, exibi-lo uma segunda vez, chamando a atenção para determinadas cenas, para a trilha musical, diálogos, situações.
. Passar quadro a quadro as imagens mais significativas.
. Observar o som, a música, os efeitos, as frases mais importantes.
Proponho alguns caminhos -entre muitos possíveis- para a análise do vídeo em classe.
DINÂMICAS DE ANÁLISE
Análise em conjunto
O professor exibe as cenas mais importantes e as comenta junto com os alunos, a partir do que estes destacam ou perguntam. É uma conversa sobre o vídeo, com o professor como moderador.
O professor não deve se o primeiro a dar a sua opinião, principalmente em matérias controvertidas, nem monopolizar a discussão, mas tampouco deve ficar encima do muro. Deve posicionar-se, depois dos alunos, trabalhando sempre dois planos: o ideal e o real; o que deveria ser (modelo ideal) e o que costuma ser (modelo real).
Análise globalizante
Fazer, depois da exibição, estas quatro perguntas:
- Aspectos positivos do vídeo
- Aspectos negativos
- Idéias principais que passa
- O que vocês mudariam neste vídeo
Se houver tempo, essas perguntas serão respondidas primeiro em grupos menores e depois relatadas/escritas no plenário. O professor e os alunos destacam as coincidências e divergências. O professor faz a síntese final, devolvendo ao grupo as leituras predominantes (onde se expressam valores, que mostram como o grupo é).
Análise Concentrada
Escolher, depois da exibição, uma ou das cenas marcantes. Revê-las uma ou mais vezes. Perguntar (oralmente o por escrito):
- O que chama mais a atenção (imagem/som/palavra)
- O que dizem as cenas (significados)
- Conseqüências, aplicações (para a nossa vida, para o grupo).
Análise "funcional"
Antes da exibição, escolher algumas funções ou tarefas (desenvolvidas por vários alunos):
- o contador de cenas (descrição sumária, por um ou mais alunos)
- anotar as palavras-chave
- anotar as imagens mais significativas
- caracterização dos personagens
- música e efeitos
- mudanças acontecidas no vídeo (do começo até o final).
Depois da exibição, cada aluno fala e o resultado é colocado no quadro negro ou flanelógrafo. A partir do quadro, o professor completa com os alunos as informações, relaciona os dados, questiona as soluções apresentadas.
ANÁLISE DA LINGUAGEM
- Que história é contada (reconstrução da história)
- Como é contada essa história
. o que lhe chamou a atenção visualmente
. o que destacaria nos diálogos e na música
- Que idéias passa claramente o programa (o que diz claramente esta história)
. O que contam e representam os personagens
. Modelo de sociedade apresentado
- Ideologia do programa
. Mensagens não questionadas (pressupostos ou hipóteses aceitos
de antemão, sem discussão).
. Valores afirmados e negados pelo programa (como são apresentados a justiça, o trabalho, o amor, o mundo)
. Como cada participante julga esses valores (concordâncias
e discordâncias nos sistemas de valores envolvidos). A partir de onde cada um de nós julga a história.
COMPLETAR O VÍDEO
. Exibe-se um vídeo até um determinado ponto.
. Os alunos desenvolvem, em grupos, um final próprio e justificam o porquê da escolha.
. Exibe-se o final do vídeo
. Comparam-se os finais propostos e o professor manifesta também a sua opinião.
MODIFICAR O VÍDEO
. Os alunos procuram vídeos e outros materiais audiovisuais sobre um determinado assunto.
. Modificam, adaptam, editam, narram, sonorizam diferentemente.
.Criam um novo material adaptado a sua realidade, a sua sensibilidade.
VÍDEO PRODUÇÃO
. Contar em vídeo um determinado assunto
. Pesquisa em jornais, revistas, entrevistas com pessoas.
. Elaboração do roteiro, gravação, edição, sonorização. . Exibição em classe e/ou em circuito interno.
. Comentários positivos e negativos. A diferença entre a intenção e o resultado obtido.
VÍDEO ESPELHO
A câmera registra pessoas ou grupos e depois se observa o resultado com comentários de cada um sobre seu desempenho e sobre o dos outros.
O professor olha seu desempenho, comenta e ouve os comentários dos outros.
Outras dinâmicas interessantes:
- Dramatizar situações importantes do vídeo assistido e discuti-las comparativamente. Usar a representação, o teatro como meio de expressão do que o vídeo mostrou, adaptando-o à realidade dos alunos.
Um exemplo:
-Alguns alunos escolhem personagens de um vídeo e os representam adaptando-os a sua realidade. Depois comparam-se os personagens do vídeo e os da representação, a história do vídeo com a adaptada pelos alunos.
- Adaptar o vídeo ao grupo: Contar -oralmente, por escrito ou audiovisualmente- situações nossas próximas às mostradas no vídeo.
- Desenhar uma tela de televisão e colocar o que mais impressionou os alunos. O professor exibe num mural os desenhos e todos comentarão as coincidências principais e o seu significado.
- Comparar - principalmente em aulas de literatura portuguesa ou estrangeira- um vídeo baseado em uma obra literária com o texto original. Destacar os pontos fortes e fracos do livro e da adaptação audiovisual.
A INFORMAÇÃO NA TV E NO VÍDEO
Um dos campos mais interessantes de utilização do vídeo para compreender a televisão na sala de aula é o da análise da informação, para ajudar professores e alunos a perceber melhor as possibilidades e limites da televisão e do jornal como meio informativo.
O professor pode propor inicialmente algumas questões gerais sobre a informação para serem discutidas em pequenos grupos e depois no plenário.
* Como eu me informo.
* Que telejornal prefiro e porquê.
* O que não gosto deste telejornal e gostaria de mudar.
* Que semelhanças e diferenças percebo nos vários telejornais.
* Que análise faço dos dois principais jornais impressos. Pode-se fazer uma análise específica de um programa informativo da televisão (por exemplo, do Jornal Nacional) e de dois jornais impressos do dia seguinte. O professor pede a um dos alunos que anote a seqüência das notícias do telejornal e, a outro, que cronometre a duração de cada notícia. Depois da exibição, o professor pede que os alunos se dividam em grupos e que alguns analisem o telejornal e pelo menos dois analisem os jornais impressos (cada grupo um jornal).
Questões para análise do telejornal
* Que notícias chamaram mais a sua atenção (notícias que sensibilizaram mais,que marcaram mais). Por que.
* Que notícias são mais importantes para cada um ou para o grupo. Por que.
* O que considerou positivo nesta edição do telejornal (técnicas, tratamento de algumas matérias, interpretação...)
* De que discorda neste telejornal (de algumas notícias em particular ou em geral).
Questões para análise do jornal impresso
* Notícias mais importantes para o jornal (quais são as mais importantes da primeira página). Que enfoque é dado.
* Que notícias coincidem com o telejornal (a coincidência é total ou há diferenças de interpretação?)
* Que notícias são diferentes do telejornal (notícias que o telejornal anterior não divulgou).
* Qual é a opinião do jornal nesse dia (análise dos editoriais, das matérias, que normalmente estão na segunda ou terceira página e não estão assinadas).
O professor pode reconstruir a seqüência das notícias por escrito na frente do plenário e pede ao cronometrista que anote a duração de cada matéria.
Cada grupo coloca no plenário as respostas à primeira questão. O professor procura reconstruir com todos os alunos as notícias mais importantes para a emissora e para o jornal impresso. Vê as coincidências e as discrepâncias. Convém analisar a notícia mais importante com calma, exibindo-a de novo, observando a estrutura, as técnicas utilizadas, as palavras-chave, a interpretação. E assim vão respondendo às outras três questões, sempre confrontando a informação da televisão com a do jornal impresso, observando as omissões mais importantes.
Com esta análise não se chega a uma visão de conjunto, mas se percebe a parcialidade na seleção das notícias, na ênfase dada, na relativização da informação, na espetacularização da televisão como uma das armas importantes para atrair o telespectador.
A Informação a partir da Produção
A análise também pode partir de uma dinâmica que utiliza a produção de um jornal pelo grupo utilizando o mesmo material informativo prévio. O coordenador grava um ou dois telejornais da mesma noite e adquire alguns exemplares de dois ou três jornais impressos do dia seguinte. Os grupos recebem os mesmos jornais impressos. Cada grupo elaborará um noticiário radiofônico, de cinco minutos, a partir dos jornais, seguindo a ordem que achar mais conveniente.
Cada grupo grava o seu noticiário ou o lê como se fosse ao vivo. Pede-se a alguns participantes que anotem a seqüência das notícias, a sua duração e as palavras-chave de cada notícia. Colocam-se esses dados em público -num quadro negro ou cartolina. Discute-se no plenário as coincidências e diferenças de cada grupo na seleção e tratamento do mesmo material informativo inicial.
Numa segunda etapa os alunos relatam acontecimentos que presenciaram - pessoalmente ou que conhecem bem - e os comparam a como apareceram nos jornais e na televisão.
Esta técnica enriquece a análise com o processo de seleção de cada grupo. Exemplifica os mecanismos envolvidos no tratamento da informação mais claramente porque são percebidos na análise da própria produção. De outro lado, as interferências ideológicas no processo de escolha também se mostram mais evidentes. De qualquer forma, mais que a análise de um programa, o importante é tornar a pessoa mais atenta a todo o processo informativo, às mediações conjunturais e do processo de produção da indústria cultural que interferem nos resultados informativos.
Os alunos também podem fazer um pequeno jornal impresso ou em vídeo, com notícias das aulas e da vida deles. Depois, o professor discute com os alunos como foi o processo de seleção das notícias e de produção do jornal ou telejornal.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
*MACHADO, Arlindo. A arte do Vídeo. São Paulo, Brasiliense, 1988.
*MORAN, José Manuel. Leituras dos Meios de Comunicação. São Paulo, Ed. Pancast, 1993.
* __________________. Como ver Televisão. São Paulo, Ed. Paulinas, 1991.
* FDE - FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Multimeios aplicados à educação: uma leitura crítica. Cadernos Idéias, n.9, São Paulo, FDE, 1990.
Bibliografia mais atualizada:
BABIN, Pierre e KOPULOUMDJIAN, Marie-France. Os novos modos de compreender; a geração do audiovisual e do computador. São Paulo: Ed. Paulinas, 1989.
FERRÉS, Joan. Vídeo e Educação. 2a ed., Porto Alegre: Artes Médicas (atualmente Artmed), 1996.
____________. Televisão e Educação. São Paulo: Artes Médicas (Artmed), 1996.
MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. São Paulo: Brasiliense, 1988.
MORAN, José Manuel. Mudanças na comunicação pessoal. 2a ed. São Paulo: Paulinas, 2000.
MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 7ª ed., Campinas: Papirus, 2003.
PENTEADO, Heloisa Dupas. Televisão e escola: conflito ou cooperação?. São Paulo: Cortez, 1991.